Vizinhos da Belga Químicos, na Vila Goiânia, foram aconselhados a sair das casas devido aos perigos à saúde
Defesa Civil alerta que queima de substâncias pode causar alergias para quem inalou a fumaça
Um incêndio na Belga Importação e Exportação de Produtos Químicos, na Vila Goiânia, levou medo aos vizinhos, na madrugada de sábado. Eles foram aconselhados pela Defesa Civil a deixar suas casas por causa da liberação de gases tóxicos ocasionada pela queima de produtos químicos depositados no local, onde havia mais de 200 tipos de substâncias. Há quatro meses, a fábrica tinha sofrido um princípio de incêndio.
O fogo começou logo após a meia-noite. Com quatro viaturas, os bombeiros combateram as chamas por três horas. Às 7h30min, o fogo recomeçou. Os bombeiros ficaram parte do sábado no local para evitar outro acidente.
Cerca de 90% do estoque virou cinza. Também queimaram depósitos, salas e aparelhos laboratoriais. Conforme os bombeiros, produtos como acetona, álcool etílico e álcool isopropílico, altamente inflamáveis, colaboraram para alimentar o fogo. O gás liberado pela queima pode provocar alergias respiratórias, afirma a Defesa Civil. Ontem, alguns vizinhos reclamavam dos efeitos das toxinas.
- Foi um horror. Saímos de casa de madrugada, com medo que as chamas atingissem nossa casa. O cheiro forte da fumaça deixou todo mundo com dor de cabeça e ardência nos olhos. Estamos com medo, não sabemos o que estamos respirando e quais as conseqüências disso. Só queremos que essa fábrica saia daqui para que a gente não corra mais riscos - afirma Fatima Marques, 39 anos, que vive com o marido e as duas filhas.
A defesa - Conforme o titular da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), coronel Sérgio Severo de Madeiros, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia interditado a empresa em 23 de outubro. Mas a fábrica, que funciona ali há 15 anos, estaria operando.
- Há mais de uma ano, a empresa já havia sido interditada porque produzia materiais sem licença ambiental e autorização da Anvisa. Há um mês, constatamos que ela estava produzindo. Por isso, ela foi lacrada - afirma Medeiros.
O advogado da Belga, Carlos Alberto Barbiero, diz que a fábrica não estava produzindo, mas, sim, separando os produtos químicos para que fossem transferidos à nova sede da Belga, no Distrito Industrial. Barbiero afirma que a Anvisa ainda não teria liberado a autorização para utilizar o novo prédio e, com a interdição, os produtos não puderam ser retirados da sede na Vila Goiânia.
- Os funcionários estavam separando os produtos para que fossem retirados com segurança. Mas, depois que a Anvisa lacrou o prédio, não podíamos mais mexer lá. Ontem, uma empresa especializada retirou os produtos de lá - explica o advogado.
A perícia da Defesa Civil trabalhou no local para descobrir as causas do incêndio. De acordo a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), todas as precauções foram tomadas e a empresa pode ser multada.
(Diário de Santa Maria, 26/11/2007)