O Uruguai fechou no domingo (25/11) um posto de fronteira com a Argentina para evitar a passagem de ambientalistas, deixando os dois países isolados por terra, em meio a uma disputa ambiental por causa de uma usina de celulose, disse uma fonte da Prefeitura local. O posto de fronteira está na cidade uruguaia de Salto na divisa com a cidade argentina de Concórdia, cerca de 490 quilômetros ao norte de Montevidéu.
"Está fechado", disse um funcionário da Prefeitura de Salto à Reuters. Uma fonte da Prefeitura de Concórdia confirmou o fechamento do último acesso por terra que permanecia aberto entre os dois países. O governo havia fechado no sábado um posto fronteiriço ao sul de Salto, a fim de evitar o cruzamento de ambientalistas, que planejavam uma manifestação a alguns quilômetros da fábrica da empresa finlandesa Botnia. A medida provocou um protesto diplomático oficial da Argentina.
Os ambientalistas argentinos haviam dito a meios de comunicação uruguaios que tentariam, então, entrar no país pela ponte internacional de Salto. Os dois países estão em disputa há anos por causa da construção da usina da Botnia do lado uruguaio de um rio da fronteira. A Argentina teme que a fábrica esteja contaminando o ambiente. A usina foi construída nos arredores da cidade de Fray Bentos, a 310 quilômetros a oeste de Montevidéu.
Os bloqueios de sábado e domingo se somaram ao primeiro bloqueio, entre Fray Bentos e o balneário argentino de Gualeguaychú, ordenado pelo presidente Tabaré Vázquez no começo de novembro. Vázquez concedeu a autorização final à Botnia para o início de suas operações, assim como o fechamento da fronteira, depois de esforços infrutíferos de negociação entre autoridades uruguaias, argentinas e espanholas --que mediavam as negociações.
As medidas causaram uma troca ácida de declarações entre Vázquez e o presidente argentino, Néstor Kirchner, na Cúpula Ibero-Americana do Chile. Enquanto a Argentina espera a decisão do Tribunal Internacional de Haia, onde acusou o Uruguai de violar um tratado bilateral sobre o rio de fronteira, Montevidéu defende um de seus maiores investimentos privados, de cerca de 1,2 bilhão de dólares.
(
Reuters, 25/11/2007)