Manifestantes achavam que a PF estava apoiando fiscais do IbamaComeçou com protesto, em Nova Esperança do Piriá, o primeiro dia da operação Labareda (22/11), desencadeada pela Polícia Federal, em parceria com policiais civis, em quatro Estados brasileiros (Pará, Bahia, Maranhão e Pernambuco) para combater o plantio de maconha na zona rural. Achando que o contingente policial tinha chegado em Nova Esperança para dar combate ao roubo de madeira na reserva indígena Tembé, onde há décadas a extração ilegal é feita por madeireiros da região nordeste paraense, centenas de pessoas ligadas às serrarias e aos grupos que extraem a madeira bloquearam as estradas que dão acesso àquela cidade e à reserva indígena, para impedir a passagem dos veículos das polícias Federal e Civil.
Segundo informações obtidas com manifestantes, um carro da Polícia Federal se aproximou do local onde ocorreu a interdição da estrada, sobre uma ponte, e um policial desceu para conversar. Nesse momento o agente foi cercado por dezenas de pessoas, todas bastante exaltadas, achando que a polícia estava chegando para dar cobertura a uma ação do Instituto de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ele teria tentado sacar sua pistola do coldre, quando foi imobilizado e teve sua arma tirada da mão.
A escaramuça continuou quando outros manifestantes ameaçavam botar fogo no carro da Polícia Federal. Lideranças do movimento agiram rapidamente e conseguiram apaziguar os ânimos. Alguns minutos depois a arma foi devolvida. Um policial federal afirmou à reportagem que o homem que pegou a pistola já está identificado.
Por toda a tarde de ontem, os moradores de Nova Esperança do Piriá estavam apreensivos com a possibilidade de uma ação para prender o acusado. Mas como todos os policiais estavam muito envolvidos com a operação Labareda, isso acabou não acontecendo.
AparatoChamou a atenção de todos o grande aparato montado pela Polícia Federal para combater o plantio de maconha na região nordeste paraense, principalmente em Nova Esperança do Piriá, Garrafão do Norte e dentro da reserva indígena Tembé, onde vivem muitos pequenos lavradores que plantam o entorpecente para traficantes oriundos do Nordeste brasileiro, que chegaram ao Pará à procura de novas áreas para produzir a droga em grande escala.
Na operação, estão trabalhando 45 policiais. Eles se locomovem em cinco helicópteros e dezenas de carros. Uma estação de rádio foi montada no acampamento, para que os vários grupos levados de helicóptero até às plantações possam manter contato a todo o momento. Por volta das 15h de ontem esses grupos começaram a ser deslocados do acampamento para as plantações.
A operação Labareda vai estar presente na região até amanhã. Os delegados federais que comandam a operação não quiseram adiantar muitas informações. Apenas que algumas páreas já estavam identificadas. Eles não quiseram responder se, com esses rastreamentos iniciais para deslocar os grupos de policiais, feitos de helicópteros, os plantadores de maconha sentem o perigo e abandonam as plantações.
Nas últimas operações realizadas na região nordeste paraense foram presas apenas as pessoas mais humildes, lavradores que são induzidos pelos traficantes a deixar de plantar mandioca e feijão, produtos menos rentáveis, e dar início à produção de maconha, que dá mais dinheiro.
(Por Edivaldo Mendes,
O Liberal, 23/11/2007)