Oficiais ambientais da União Européia (UE) determinaram que dois tipos de milhos geneticamente modificados podem prejudicar borboletas, afetar cadeias alimentares e perturbar vida em rios, e agora eles propuseram proibir a venda das sementes, que são feitas pela DuPont Pioneer, Dow Agrosciences e Syngenta.
As decisões preliminares estão circulando dentro da Comissão Européia, que tem a palavra final. Alguns oficiais lá estão céticos em relação à proibição porque iria irritar a poderosa indústria de biotecnologia e pode exacerbar as tensões com importantes parceiros comerciais, como os EUA. As sementes não estão disponíveis no mercado europeu.
Nas decisões, o comissário de meio-ambiente, Stavros Dimas, argumenta que o milho geneticamente modificado pode afetar certas espécies de borboletas, especificamente a monarca, e outros insetos benéficos. Por exemplo, pesquisas desse ano indicam que as larvas da borboleta-monarca expostas à esse milho “se comportam diferente do que outras larvas”.
Na tomada de decisão envolvendo as sementes de milho produzidas pela Dow e Pioneer, Dimas chamou de “perigo irreversível em potencial ao meio-ambiente”. Em relação à semente da Syngenta, ele disse que o “nível de risco ao ambiente gerado pelo cultivo desse produto é inaceitável”.
Uma decisão da UE de proibir o cultivo de colheitas geneticamente modificadas seria a primeira do gênero no bloco de comércio, e iria intensificar a contínua batalha sobre milhos geneticamente modificados.
Desde 1998, a comissão não aprovou nenhum pedido para o cultivo de alimentos geneticamente modificados, mas também não rejeitou imediatamente nenhum deles, como seria o caso dos produtos de milho geneticamente modificado.
Proibir os pedidos de cultivo de milho também marcaria um novo e ousado passo das autoridades ambientais européias, que já estão buscando, agressivamente, regulamentações sobre emissões de carros e aviões, criando tensões com os EUA e com indústrias irritadas.
“Esses produtos são cultivados nos EUA e em outros países durante anos”, disse Stephen Norton, porta-voz do representante comercial dos EUA. “Não estamos cientes de nenhum outro caso quando um produto foi rejeitado depois de ter sido analisado e determinado seguro”, por autoridades de segurança de alimentos da Europa, ele disse.
Nas decisões, Dimas citou recentemente pesquisas que mostravam que o consumo de “produtos de milho geneticamente modificados reduzia crescimento e aumentavam a mortalidade de insetos” que são “presas importantes para predadores aquáticos” e que isso pode ter “conseqüências inesperadas na escala do ecossistema”.
(Por James Kanter,
The New York Times, 23/11/2007)