Desde a entrada em vigor, a Lei Cidade Limpa resultou em 1.540 multas aplicadas, totalizando uma arrecadação de R$ 52,2 milhões para a prefeitura. Além disso, os fiscais do município recolheram, até setembro, 91 mil faixas, cartazes e tabuletas.
Os dividendos políticos são igualmente vistosos. Ao converter o combate à poluição visual em principal bandeira de sua gestão, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) passou de político apagado, que amargava 42% de avaliações negativas entre seus concidadãos, para figura popular. Um desconhecido que só assumiu o cargo porque o titular, José Serra, renunciou para concorrer ao governo do Estado, Kassab viu suas taxas de aprovação dobrarem e é agora apontado como um nome forte para a próxima eleição municipal.
Uma pesquisa de agosto, do instituto de pesquisas Datafolha, revelou que 74% dos paulistanos tomaram conhecimento da Lei Cidade Limpa e que 63% a apóiam. Diante desse quadro, até os lojistas, atingidos com força pela lei, recuaram nas suas críticas ao prefeito. A identificação do prefeito com a lei também trouxe para Kassab efeitos inesperados.
Em abril, o cineasta Fernando Meirelles, diretor do filme Cidade de Deus, retornou a São Paulo depois de uma ausência prolongada e se surpreendeu ao descobrir uma cidade "linda". Entusiasmado, publicou um artigo intitulado "Beijando Kassab", no qual louvava a transformação. Motivado pelo cenário despido de publicidade, Meirelles retornou em outubro, acompanhado por astros de Hollywood, para filmar cenas da produção internacional Ensaio Sobre a Cegueira. Ele não foi o único. No ano em que se livrou dos exageros da propaganda, São Paulo virou uma meca do cinema: até setembro, 20 longa-metragens e dezenas de curtas haviam sido rodados na cidade.
(Por Itamar melo,
ZH, 25/11/2007)