Em diferentes municípios autônomos do território indígena de Chiapas, no México, comunidades de Bases de Apoio Zapatistas enfrentam uma estratégia coordenada de saque de terras e hostilizações, da qual participam diversas organizações políticas dos três níveis de governo. A informação foi divulgada hoje (ontem) (22/11), como uma das conclusões do relatório preparado pela Caravana de Observação e em Solidariedade com as Comunidades Zapatistas, que, entre 17 e 20 de novembro, visitou comunidades indígenas nas zonas Altos, Norte e Selva.
Os flagrantes de violações de direitos humanos foram feitos em diversos povoados mexicanos de diferentes regiões por onde a caravana passou. Segundo o boletim divulgado pelo grupo, em todos os casos documentados a estratégia segue um padrão que combina invasão de terras, ameaças de morte, hostilizações e agressões físicas e psicológicas, assim como destruição de propriedades e recursos naturais, além da tomada jurídica de terras onde as organizações invasoras atuam conjuntamente com instituições judiciais e agrárias locais e federais.
Para os integrantes da Caravana, a retirada "legal" de terras e os novos decretos de expropriação revelam uma flagrante e sistemática estratégia de contra-insurgência dirigida aos povos zapatistas. Conforme relataram, a estratégia é consiste em outorgar títulos agrários a diversas organizações indígenas, particularmente aquelas contrárias aos zapatistas e em diversos casos organizações armadas.
Elas afirmam que tal ação é desenvolvida pelos governos federal e estatal, através das instituições agrárias e em articulação com o Exército Federal mexicano e órgãos da segurança pública, nos seus três níveis de governo. De acordo com o documento, os projetos autônomos da livre determinação dos povos indígenas não podem desenvolver-se plenamente devido às constantes agressões e ameaças contra os grupos zapatistas por parte de unidades castrenses, polícias estatais e integrantes de grupos paramilitares.
"Há mais de uma década, estes povoados sofrem com uma ocupação militar no seu território que na atualidade registra a presença de 56 acampamentos do Exército Federal permanentes só no território indígena", relata a Caravana. No boletim, as organizações participantes da Caravana, integrada por aderentes da Outra Campanha e aderentes da Sexta Declaração da Selva Lacandona, rechaçam as agressões e a hostilizações que vivem os povos das Bases de Apoio Zapatistas.
As organizações convidam também para somar-se à Campanha Mundial pela Defesa das Terras e os Territórios Indígenas de Chiapas, no México, e do Mundo, assim como à Campanha em Solidariedade com os Povos Zapatistas. Entre os povos visitados estão as comunidades de Bolon Ajaw, Municipio Olga Isabel, Ranchería El Nance, Reserva Ecológica Huitepec, San Andrés, Poblado 24 de Diciembre, San Juan del Río e Benito Juárez.
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Adital, 22/11/2007)