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comércio ilegal de animais
2007-11-23
Parceria entre Ibama e UFMG permite estudo das doenças que atingem as aves capturadas ilegalmente

Na luta pela preservação da fauna brasileira e no combate ao tráfico de animais, uma parceria tem apresentado resultados importantes. A Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se uniram para mudar um triste quadro: a maioria dos exemplares da fauna, alvo do comércio ilegal, não resiste aos maus-tratos e morre. Pesquisa sobre o perfil das doenças mais comuns entre as aves apreendidas pela fiscalização está ajudando a diminuir a taxa de mortalidade e evitar a proliferação de enfermidades.

Desde novembro do ano passado, o Laboratório de Doenças de Aves da universidade detectou mais de 20 doenças, das quais sete pela primeira vez. As mais comuns atacam o intestino de pássaros e provocam micoses respiratórias em psitacídeos. Entre as inéditas, estão doenças intestinais no corrupião e a microfilária, que ocorre principalmente em canários-da-terra, trinca-ferros, sabiás e bicudos.

“A natureza é sábia e há equilíbrio. Isso não ocorre somente quando há intervenção por degradação do ambiente onde vivem ou por captura. A depressão do sistema imune, os maus-tratos e o trauma tornam os animais suscetíveis a infecções. As aves apreendidas são encaminhadas para triagem, mas a maioria não resiste”, afirma o chefe do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UFMG, Nelson Rodrigo da Silva Martins.

Grande parte dos animais apreendidos durante as operações de repressão ao tráfico são encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama. “O centro tem capacidade para 1 mil aves e, atualmente, abriga 7 mil, fora as outras espécies de animais que também são encaminhados para lá. A superpopulação também contribui para as doenças e dificulta a mudança de um quadro de redução da mortalidade”, diz. Para a UFMG, são encaminhados os casos de óbito para verificação da causa da morte. A partir disso, espera-se evitar a contaminação dos outros exemplares. Algumas espécies vivas também são enviadas para recuperação e diagnóstico.

De acordo com o estudante Marcus Vinícius Romero Marques, do 10º período de veterinária e um dos responsáveis pela pesquisa, o objetivo do estudo é salvar as aves e reabilitá-las para a soltura. “Estamos conseguindo recomendar terapias e diminuir a taxa de mortalidade, principalmente em canários-da-terra e em papagaios. Hoje, os índices giram em 10% no Ibama, mas já foram bem maiores”, relata. Ele ressalta que o diagnóstico correto aumenta em 50% a 60% as chances de recuperação. “Com isso, 70% dos pássaros são tratados e reintroduzidos em área de preservação ambiental”, acrescenta.

Educação

A conservação é outro foco dos trabalhos e, por isso, os pesquisadores entendem que educação ambiental, principalmente com crianças, ressaltando a importância do animal para determinada região, é fundamental. “Muitas aves ainda estão em seus nichos ecológicos e, quando são capturadas, perdem seu valor genético e, se forem soltas novamente na natureza, vão procurar um ambiente onde tenham facilidades de alimentação e contato com humanos, o que facilita sua captura novamente”, afirma o professor Nelson Martins.

A nova visão de conservação tem ampliado os campos da medicina veterinária, antes muito concentrada na produção, de acordo com o professor. “Nosso aluno hoje é muito urbano e chega à universidade com uma visão conservacionista. É um novo tipo de área e de estudante”, ressalta.

(Junia Oliveira, Estado de Minas, 23/11/2007)


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