Entidade e Aneel dizem que haverá nova crise de abastecimento em janeiroEm vez de punir consumidores e indústrias que utilizam gás, o governo deve investir na conversão das termelétricas e determinar que as usinas se adaptem a utilizar óleo combustível ou diesel para enfrentar a crise de suprimento de gás, disse o presidente da Abegás, Armando Laudorio.
Em linha com a posição da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), ele disse que uma nova crise de abastecimento de gás começará em janeiro, quando as térmicas serão acionadas. O diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, também admitiu a possibilidade.
A curva de aversão ao risco, que regula o nível dos reservatórios, está sendo revista e deve subir de 50% para 61%.
Laudorio criticou a decisão do governo de priorizar o suprimento de gás para termelétricas em detrimento de indústrias e consumidores de GNV (Gás Natural Veicular). Para ele, é mais fácil adaptar as usinas a usar óleo combustível do que mudar o abastecimento de indústrias e outros consumidores. O argumento é que o número de térmicas é muito menor. O consumo de uma termelétrica corresponde, em média, ao de 120 mil veículos e 55 indústrias, segundo a Abegás.
O presidente da Abegás criticou também o anúncio da Petrobras de novos aumentos do preço do gás com o objetivo de desestimular o consumo.
Falta de gás
Apesar de alertar para risco de falta de gás, o presidente da Aneel não descartou mudanças no critério que estabelece o risco de racionamento, impedindo o acionamento das térmicas. "Pode ser que o custo para a sociedade seja tão elevado que ela opte por um critério de segurança um pouco menos rígido."
A elevação do nível de segurança nos reservatórios foi sugerida pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Se a proposta for aprovada, as térmicas podem ser acionadas em janeiro, mesmo que os níveis estejam próximos dos 60%.
(Pedro Soares e Cirilo Junior,
Folha de São Paulo, 23/11/2007)