O 18° precipitador eletrostático inaugurado pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) nesta quarta-feira (21) na IV de suas pelotizadoras de minério de Tubarão chegou com atraso de duas décadas. Por economizar na instalação deste equipamento, a empresa poluiu a Grande Vitória neste período, segundo afirmou o Freddy Montenegro Guimarães, da ONG Acapema.
O equipamento custa cerca de R$ 25 milhões. Em 2006, a Vale teve lucro líquido de R$ 13,4 bilhões, e a empresa é a maior mineradora do mundo. Presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Freddy Guimarães lembra que a instalação dos precipitadores eletrostáticos em quantidade suficiente e em todas as pelotizadoras é condicionante ambiental desde a instalação da usina V.
A Vale conhece a tecnologia dos precipitadores eletrostáticos pelo menos desde o início da década de 90. O precipitador eletrostático é uma caixa de aço com mais de 20 metros de altura, equipada com uma espécie de ímã que impede a passagem das partículas de minério.
Segundo admite a Vale, as usinas I, II e III só têm os antigos Lavadores de Gás para Despoeiramento das áreas de entrada e saída dos fornos empregados. Apenas as usinas V, VI e VII têm três precipitadores funcionando. O equipamento inaugurado nesta quarta-feira é o terceiro da usina IV. A empresa ainda deve três precipitadores eletrostáticos nestas velhas pelotizadoras, pois se comprometeu a instalar 21 unidades deste tipo, no total. A VIII usina terá quatro precipitadores, segundo anuncia a empresa.
O parque da empresa em Tubarão conta com sete pelotizadoras, que serão reformadas e ampliadas, e tem licença do governo Paulo Hartung para construir a VIII usina. Serão pelo menos mais 45% de produção de pelotas de minério de ferro em Tubarão, o que totalizará 39,3 milhões de toneladas anuais. A ampliação destas usinas, além da expansão da ArcelorMittal Tubarão, no Planalto de Carapina, tornará o ar da Grande Vitória irrespirável.
“Na última quinta-feira, por volta das 14 horas, vim para Vitória de Vila Velha. Na Terceira Ponte não consegui sequer enxergar o complexo de Tubarão, coberto por uma nuvem de pó”, afirmou o presidente da Acapema nesta quinta-feira (22).
Ele aponta que além dos poluentes que saem da chaminé das usinas, há arrasto de pó das pilhas de minérios estocadas para uso nas usinas. O vento também arrasta pó de minério que está sendo transportado para os navios: não há contenção das áreas de transferências nas correias, com desníveis de metros. Além do arrasto de poluentes nos pátios de minério, há ainda o deslocamento de partículas dos depósitos de carvão e calcário.
A Vale prometeu instalar os precipitadores e adotar outras medidas de controle como parte da propaganda que fez para receber licença ambiental para o seu projeto de ampliação. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) foram elaborados pela Cepemar, empresa de onde saiu a presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) – órgão licenciador -, Maria da Glória Brito Abaurre.
O governo Paulo Hartung se empenhou como um todo para licenciar a empresa, embora a Vale não pudesse receber novas licenças ambientais por não ter cumprido condicionantes para instalação das outras usinas.
O conjunto dos 25 precipitadores eletrostáticos prometidos são estarão instalados em 2010. A Vale lidera a poluição da Grande Vitória com o chamado pó preto, e vem em segundo lugar em poluentes gasosos. A ArcelorMittal Tubarão é a campeã no lançamento de gases poluentes, inclusive e derivado do enxofre, e segunda em emissão de poluentes particulados.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 23/11/2007)