A maior parte das empresas da Índia, um dos países mais poluentes do mundo, ainda precisa elaborar planos a respeito do impacto das mudanças climáticas sobre suas atividades, não mensura as emissões nem possui prazos para limitá-las, afirmou um estudo divulgado na quinta-feira (22/11). No entanto, muitas empresas indianas estão cientes das oportunidades comerciais oferecidas pelo aquecimento global, segundo revelou uma pesquisa do Projeto Divulgação do Carbono (CDP), uma agência mundial que defende a adoção de um modelo econômico de baixo consumo de carbono.
Apenas um terço das 110 empresas de grande porte contatadas responderam à pesquisa que buscava informações sobre oportunidades e riscos apresentados pelas mudanças climáticas, os níveis de emissão e as estratégias para diminuir a poluição, entre outras questões.
O relatório do CDP disse que o aquecimento da Terra pode prejudicar algumas empresas que não responderam à pesquisa. E afirmou que muitas delas não adotaram ainda estratégias de enfrentamento desse problema. "As empresas indianas ainda precisam trabalhar muito para chegarem ao mesmo nível de seus parceiros da comunidade internacional", afirmou Paul Simpson, um dirigente do CDP.
"As conclusões da pesquisa mostram ser necessário despertar a atenção para a adoção de mecanismos de controle dos gases do efeito estufa pelas empresas indianas." Um número cada vez maior de empresas do mundo prepara-se para aproveitar-se das oportunidades e para enfrentar os riscos oferecidos pelas mudanças climáticas, disse.
Economias com altas taxas de crescimento como as da China e da Índia foram criticadas pelo Ocidente porque se recusam a assumir metas de corte das emissões de gases do efeito estufa, apesar de constarem entre as maiores fontes de poluição do mundo.
A Índia contribui com cerca de 4 por cento das emissões mundiais desses gases enquanto aumenta o consumo de combustíveis fósseis no país. Mas estimativas oficiais dizem que o país continuará abaixo dos 5 por cento das emissões globais em 2020. As emissões per capita, segundo se prevê, continuarão a ser mais baixas do que a média dos países desenvolvidos. O relatório afirmou que as empresas indianas mostravam-se entusiasmadas com as oportunidades oferecidas pelas mudanças climáticas, incluindo o comércio de cotas de carbono e a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias.
"Isso indica que as empresas indianas estão atentas para o potencial comercial das mudanças climáticas, algo diferente da postura adotada em relação ao desafio apresentado por esse problema", afirmou o documento. A Índia recusou-se a adotar metas de emissão, afirmando que precisa gastar mais energia para tirar milhões de pessoas da pobreza. O governo indiano afirma que isso é algo que os países ricos, que queimaram combustíveis fósseis livremente durante um século, deveriam compreender.
(Estadão Online,
Ambiente Brasil, 23/11/2007)