Expoentes da classe política de Roraima pediram na quarta-feira (21/11), em Brasília, que o governo federal reveja a disposição de tirar, à força, os brancos da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no nordeste daquele estado. Uma operação de desintrusão, a ser feita pela Polícia Federal, está prevista para ainda este ano.
Mas o Senador Augusto Botelho (PT-RR) ainda acha possível um acordo que garanta a permanência dos produtores de arroz que ocupam as terras.
“O presidente Lula tem muita sensibilidade e vai fazer justiça, sem necessidade de violência”, disse o parlamentar em entrevista à Agência Brasil.
Segundo o senador petista, a resistência dos arrozeiros em deixar o local se deve a dois fatores. O primeiro é que muitas famílias já viveriam ali há pelo menos três gerações. O segundo, a insegurança de receber uma indenização baixa e ir para uma terra imprópria para o cultivo.
Botelho alega também que a produção de arroz é responsável por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB, a economia) de Roraima, o que, para ele, justificaria a manutenção da convivência entre as 400 famílias brancas e os 18 mil índios na Terra Indígena Raposa Serra do Sol: “O governo pode usar o dinheiro que seria gasto com indenizações para investir na melhoria da qualidade de vida do índio”.
Apesar da defesa dos arrozeiros, o senador garante não ser contra demarcação de terras indígenas: “Homologar é certo, mas sem ficar expandindo áreas e expulsando pessoas”.
Preocupações semelhantes foram manifestadas pelo governador de Roraima, Ottomar Pinto (PSDB-RR), e pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) em audiência pública sobre o tema na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal.
Segundo eles, a retirada dos arrozeiros prejudicaria a economia e a população do estado como um todo. O governador informou que Roraima já tem 47% de suas terras de áreas indígenas e 23% de unidades de conservação ambiental.
(Por Marco Antônio Soalheiro, Agência Brasil, 22/11/2007)