A Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul realizou audiência pública, nesta quinta-feira (22/11), para debater o cultivo da mamona no Rio Grande do Sul, solicitada pelo deputado Giovani Cherini (PDT). A mamona é uma oleaginosa com aproveitamento no programa brasileiro de biodiesel e que está sendo cultivada nos últimos anos no Rio Grande do Sul. "A reunião foi esclarecedora", resumiu o deputado Adolfo Brito (PP), presidente da Comissão. "Constatamos que, apesar de a mamona ser uma fonte alternativa para a pequena propriedade rural, o setor, os produtores, as entidades que dão assistência técnica, as cooperativas, o Banco do Brasil ainda precisam se organizar".
O deputado Giovani Cherini disse que, desde 1999, acompanha o tema. "Sou apaixonado por essa cultura e acredito que existe espaço para ela", disse Cherini. O engenheiro industrial Vilson Machado, responsável pelo Projeto Mamona RS e representante da indústria Vinema Multióleos, detalhou a situação da cultura no estado. Ele observou que a cadeia produtiva, que vinha sendo construída até 2006, foi frustrada pela falta de investimentos. "Temos que criar linhas de crédito para agricultores e para as pequenas indústrias para podermos crescer", declarou.
Nídio Barne, representante da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária e da Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, deixou claro que o produtor de mamona não domina a tecnologia desta cultura. "Ela é uma novidade e, por isso, não podemos acreditar no milagre do dinheiro fácil", ressaltou. "Os elos da cadeia precisam se ajustar. Não é possível fomentar indiscriminadamente uma cultura nova". Barne informou que na próxima semana deverão ser liberados recursos para instituições de pesquisa executarem o Projeto Estruturante de Agroenergia do Rio Grande do Sul, que investigará as culturas de mamona, girassol, canola e cana-de-açúcar na produção de biodiesel.
O gerente regional do Banco do Brasil, José Mauro Tanner de Lima Alves, afirmou que desde setembro estão disponíveis linhas de crédito relacionadas ao cultivo da mamona para a safra de verão 2007/2008. Ele admitiu que no ano passado não foi oferecido crédito para este negócio. "Antes de financiar uma cultura nova temos que saber quem vai comprar o que foi produzido. Hoje, temos fábricas que podem utilizar a mamona em suas produções", justificou Alves.
O representante da Emater Alencar Rugeri explicou que a empresa atua de forma serena em relação à mamona. Até agora, 50 técnicos foram treinados para trabalhar com este tipo de plantação. A Emater possui lavouras comerciais de mamona em 76 municípios gaúchos. "A cultura avança. No ano passado, foram plantados seis mil hectares que obtiveram resultados ruins", lembrou.
(Por Luiz Junior, Agência de Notícias AL-RS, 22/11/2007)