A frota baleeira japonesa bem que tentou despistar, saindo de madrugada, mas o nosso Esperanza vai atrás deles até a Antártica. Quem não deve, não teme. Muito menos se esconde. Pois foi justamente isso que a frota baleeira japonesa fez no último domingo. Depois de deixarem o porto de Shimonoseki, no sul do Japão, com festa e pompa, os navios que pretendem caçar mil baleias na Antártica reduziram o ritmo e só atingiram as águas internacionais - onde o Esperanza do Greenpeace os aguardava - de madrugada, dificultando sua localização.
“Pelos nossos cálculos era para termos encontrado a frota baleeira antes mesmo do sol se pôr, mas eles partiram em baixa velocidade, cruzando o estreito de Shimonoseki quando já não podíamos vê-los em meio à escuridão", afirmou Frank Kamp, capitão do Esperanza, que vem sendo 'vigiado' pela guarda costeira japonesa. Toda a tripulação do navio do Greenpeace estava se revezando e atenta a luzes e embarcações no oceano que, após semanas de calmaria e mar iluminado pela lua, se tornou um tanto inóspito, graças aos ventos do sul que chegaram trazendo nuvens e ondas fortes.
“A partida na madrugada, e em noite escura, é mais uma prova que os japoneses estão tentando esconder a vergonhosa caça que realizam há mais de 20 anos, pobremente disfarçada de ciência”, diz Leandra Gonçalves, única brasileira a bordo e coordenadora da campanha de Baleias do Greenpeace Brasil.
A frota baleeira japonesa partiu para sua temporada anual de caça a baleias no Santuário Antártico em que pretende matar mais de mil baleias, entre as quais 50 fins e 50 jubartes, espécies ameaçadas de extinção. Sob o falso manto de 'pesquisa científica', os japoneses insistem em praticar a matança, condenada por diversos países e entidades ambientalistas, como o Greenpeace, que está em alto-mar perseguindo a frota para defender as baleias.
“Continuaremos a buscar a frota baleeira até a Antártida para provar que não é necessário matar baleias para a ciência, disse Leandra Gonçalves, que a bordo estará coordenando a pesquisa não-letal do Greenpeace. “A pesquisa não-letal pode trazer os mesmos, e até melhores resultados, sem disparar um único arpão”.
O Greenpeace está colaborando com uma equipe de cientistas no projeto A Trilhas das Grandes Baleias. Dados importantes dos satélites, das biópsias e da identificação das caudas de baleias jubartes já trouxeram importantes informações sobre o padrão de migração e estrutura das populações do Pacífico Sul, sem um único arpão ser disparado. O Greenpeace também irá disponibilizar a localização da frota baleeira e do Esperanza no mesmo mapa, onde foram disponibilizadas as rotas das baleias jubartes em suas áreas de reprodução – Ilhas Cook e Nova Caledônia.
“Essa foi a primeira etapa da pesquisa não-letal, e que já trouxe importantes resultados científicos. Ainda teremos outras técnicas que estarão sendo utilizadas durante a Expedição, que além de comprovar a falácia da ‘caça científica’, irão trazer conhecimento para a conservação das baleias” argumenta Leandra.
O Brasil é um país reconhecido internacionalmente por suas políticas de conservação de cetáceos, e que vem propondo desde 1999, junto com a Argentina e África do Sul o Santuário de Baleias do Atlântico Sul. Este Santuário, se aprovado, irá garantir a proteção das baleias que ocorrem em nossa costa e criar condições necessárias para desenvolver o turismo de observação de baleias. “O turismo de observação de baleias é a única atividade envolvendo baleias economicamente sustentável, que gera mais de 1 bilhão de dólares por ano no mundo todo”, garante Leandra.
(Greenpeace, 23/11/2007)