Preço do produto deve ter novo reajuste de 10% em dois meses
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, admitiu ontem que existe risco alto de se repetir, em janeiro, o quadro de desabastecimento de gás para a indústria e para o combustível veicular.
Isso ocorreria caso seja aprovada a nova curva de aversão ao risco que está em consulta pública até 7 de dezembro. A nova curva aumenta para 61% o volume de água considerado seguro nos reservatórios, que hoje está em 52%.
Ainda que chova bastante em dezembro, os técnicos consideram difícil encher os reservatórios mais do que 61%, o que obrigará que todas as térmicas atendidas pela Petrobras sejam acionadas para garantir o fornecimento de energia. Com isso, novamente seria reduzida a entrega de gás às distribuidoras para outras finalidades.
- Vamos ter problemas de alocação de gás, talvez semelhantes ao que aconteceu no mês passado. Talvez mais organizado, mas teremos problemas - afirmou o diretor-geral da Aneel.
A nova curva está sendo estudada porque o cenário mudou: o país não conta com mais de 2 mil megawatts (MW) da Argentina e não pode contar com todas as térmicas do país porque não existe gás suficiente para todos. A sugestão foi feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na terça-feira à Aneel.
Para o diretor-geral da agência, está descartada qualquer possibilidade de racionamento de energia no país, mas é necessário que o Brasil invista na construção de novas usinas. Durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia, que discutiu os impactos dos encargos setoriais no curso da energia elétrica, Kelman disse que hoje há um debate técnico, "contaminado por questões políticas", sobre eventuais riscos de o país enfrentar um novo racionamento de energia.
Enquanto isso, o preço do gás natural deverá ser reajustado em 10% já em janeiro, antes mesmo da conclusão das negociações entre Petrobras e distribuidoras, que podem elevar o preço em 15% a 25%, segundo a estatal. A projeção é da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) e considera a evolução do custo da cesta de combustíveis ao qual o preço do gás vendido no Brasil está atrelado. Os repasses são feitos a cada três meses pela Petrobras.
Segundo o coordenador de energia térmica da Abrace, Clóvis Correia Júnior, com o novo reajuste o valor do gás natural acumulará alta de 45% entre maio deste ano - quando a Petrobras retomou os reajustes com base nas cotações internacionais do petróleo - e janeiro de 2008.
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ClicRBS, 22/11/2007)