Os efeitos do aquecimento global para a saúde e a contribuição do ser humano para as modificações ambientais foram as principais temáticas abordadas na manhã desta quarta-feira (21/11), durante o 8º Seminário Internacional e 9º Seminário Estadual sobre Agroecologia. Os eventos encerram-se nesta quinta-feira (22/11), e acontecem na Assembléia Legislativa, em Porto Alegre.
Durante a manhã o deputado do Paraná, Luiz Eduardo Cheida, falou que a indústria e os combustíveis fósseis são responsáveis em 66% pela emissão de gases na atmosfera, enquanto que a agricultura chega a 20% e as mudanças no uso da terra perfazem 14%. Segundo ele, quem está aumentando a temperatura da terra é o ser humano e o maior problema é que a questão ambiental é também social, seja ela associada a miséria absoluta ou a vontade excessiva. "Desde que se começou a medir a quantidade de gás carbônico no ar, em 1850 passou de 280 partes por milhão e, em 2007, esse índice chega a 380", salientou.
Cheida destacou como conseqüências do aquecimento global as secas, a diminuição de terras agriculturáveis e a fome, enchentes, o derretimento das geleiras, o aumento do nível do mar e a extinção das espécies. "Os países que mais contribuem para isso são os Estados Unidos, a China, a Indonésia e o Brasil", complementou apontando dados levantados pelo Painel Intercontinental de Mudanças Climática (IPCC).
Para o médico e professor, este momento de crise serve para que se possa refletir e atuar com mais consciência. "A solução é a agroecologia do ponto de vista da produção agrícola, mas também precisamos mudar os processo de industrialização. Só assim a produção não vai mais nos distanciar mas nos aproximar do mundo natural", ressaltou.
Francisco Zancan Paz, do Centro de Vigilância em Saúde (CEVES) da Secretaria Estadual da Saúde, também ressaltou como causas do aquecimento global as mudanças climáticas naturais e as decorrentes do desenvolvimento. Mas sua preocupação é com relação a forma como estas modificações estão afetando a saúde do ser humano. O palestrante afirmou que de 15 a 20% as doenças têm causas relacionadas aos efeitos do aquecimento global e que no futuro o aumento da desnutrição, da mortalidade e da natalidade e o aumento da carga de doenças diarréicas, de doenças cardio-respiratórias e alterações na distribuição espacial de populações de vetores de doenças infecciosas estão sendo previstos.
O médico mostrou que devido as modificações climáticas já são registrados no Estado casos de Leishmaniose nas missões e na região metropolitana de Porto Alegre, e que a malária, apesar de ter deixado de ser endêmica, poderia voltar a ter incidência e a filariose poderia também chegar ao Rio Grande do Sul. Além disso, a febre amarela, já chegou ao Estado, mas está afetando somente bugius, enquanto a dengue está infestando as cidades que ficam a beira do Rio Uruguai e na grande Porto Alegre.
Como formas de acompanhar e prevenir a incidência de doenças relacionadas ao aquecimento global, feitas pela Vigilância Ambiental em Saúde, estão a intensificação das ações para o controle de vetores e para a vigilância da qualidade da água e dos contaminantes do ar e do solo, a formação de rede de atenção a eventos ambientais adversos e a criação de um sistema de identificação e análise de riscos relacionados aos desastres ambientais.