O Brasil tem que possuir uma “cesta” de geração de energia a partir de usinas térmicas de fontes variadas para suprir a necessidade de geração hídrica nos anos secos ou de forte estiagem. A avaliação foi feita nesta quarta-feira (21/11) pelo presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva.
“A impossibilidade de ter estocagem hidrelétrica leva o país a ter térmicas”, disse, citando como fontes gás, biomassa, óleo e carvão. “E a nuclear não pode ficar de fora.” Ele ressaltou que as escolhas dentro dessa cesta (combinação de diferentes fontes) devem sempre ter a preocupação de dar o menor preço para a sociedade e o menor impacto ambiental
Silva afirmou, por outro lado, que a prioridade em termos de produção de energia “por muitos anos” no Brasil vai ser hidrelétrica. “Só que as hidrelétricas hoje não podem aumentar o estoque. E eletricidade é um consumível como outro qualquer. E qualquer que seja o consumível, nós precisamos produzir, armazenar, transportar e distribuir”, ponderou.
Segundo o presidente da Eletronuclear, o sistema hidrelétrico brasileiro tinha essa equação bem resolvida até há poucos anos, porque os locais onde foram localizadas as usinas permitiam que se construíssem reservatórios para estocar água para a geração de energia na época de estio.
“Agora é muito difícil construir as novas barragens com estoque. Então, o que ocorre é que a prioridade para produção continuará sendo hidrelétrica, mas nós vamos ter que fazer um mix de térmicas que dê garantia de fornecimento ao nosso público”, avaliou.
Silva destacou que o Brasil possui uma grande quantidade de urânio. “Seria um contra-senso, uma falta de inteligência total não considerar esse um grande energético para o país”. As reservas brasileiras medidas de urânio alcançam 309 mil toneladas equivalentes de yellow cake, primeiro produto do ciclo nuclear. O potencial de produção estimado é de mais 800 mil toneladas. “Isso é muita energia. Se a gente considerasse o que a Petrobras sabia antes da descoberta da mega-província petrolífera de Tupi, na Bacia de Santos, a gente tinha mais energia em urânio do que em óleo e gás juntos”, disse.
A produção do yellow cake, ou bolo amarelo, consiste em limpar o urânio das impurezas. Nessa condição, ele apresenta ainda impurezas da mina, mas tem entre 70% e 80% de urânio puro. É nessa forma, normalmente, que o produto é fornecido no mercado.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 21/11/2007)