O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu a uma "disputa comercial desleal" as críticas de que o governo incentiva a destruição da Amazônia. Em encontro de empresários brasileiros e alemães, ele defendeu ontem que os países ricos financiem a preservação das florestas das nações em desenvolvimento. "Existe uma disputa comercial que não é leal, e está se espalhando pelo mundo", reclamou. "Quero dizer aos empresários alemães que ninguém tem mais preocupação em preservar a Amazônia do que nós, brasileiros." No mesmo palanque do presidente estava o ministro alemão de Economia e Tecnologia, Michael Glos. Pela proposta de Lula, os países ricos, que mais contribuem com a emissão de gases do efeito estufa, pagariam aos pobres pela manutenção das florestas.
Sem biocombustível
Ele sinalizou que o governo apresentará um novo zoneamento agroecológico para a Amazônia, ainda sem data, e negou que o governo incentive a produção de biocombustível e cana-de-açúcar na região. "Não vamos permitir a introdução de biocombustível na Amazônia", disse. "E não tem nenhum sentido produzir cana-de-açúcar lá", completou. O presidente disse que novas atividades agrícolas na Amazônia podem utilizar áreas já degradadas e desmatadas.
Organizações não-governamentais acusam Estados e o governo federal de desenvolverem ações que promovem desmatamento e introdução de novas culturas na Amazônia.
Lula cobrou responsabilidade dos EUA e da União Européia na preservação da selva amazônica. "Por favor, não levem apenas em conta que a obrigação é dos países pobres", disse, referindo-se às ações de combate ao desmatamento. "Os países ricos, que contribuem mais com a emissão de gás que causa o efeito estufa, precisam dar a sua contribuição", completou. "Uma delas é diminuir a emissão de gás; a outra, financiar os países pobres para diminuir o desmatamento."
(Por Leonencio Nossa,
O Estado de S.Paulo, 20/11/2007)