A Suzano Papel Celulose foi processada através da Ação Civil Pública impetrada pela Comarca de São Luiz do Piratininga (SP), que questiona “nefastos efeitos ambientais e sociais” causados pela monocultura do eucalipto na região. A ação foi impetrada pelo defensor público regional de São Paulo, Dr. Wagner Giron de La Torre.
Segundo a ação, a empresa é acusada de diversas irregularidades na região do Vale do Paraíba e particularmente em São Luis do Paraitinga (SP), junto com a empresa Votarantim Papel e Celulose. O defensor público acusa as empresas de causar uma “série infinda de devastação ambiental disseminada pelo cultivo, em escala industrial, das monoculturas”.
A informação é de que 20% do território de São Luiz do Paraitinga está tomado pelo cultivo de eucalipto implementado pelas grandes indústrias de papel e celulose.
A Ação Civil Pública é resultado de um ano de estudos e diálogo intenso com ambientalistas da região frente à defensoria local. A ação aponta que as árvores de eucalipto semeadas, sem qualquer controle ambiental, pela Suzano e Votarantim, são clonadas em laboratórios e resistentes aos agrotóxicos.
“São plantadas num imenso mar morto sobre os topos dos morros, em terreno com declividade maior de que 45°, invadindo áreas de preservação permanente, violando a proteção ambiental para cursos d'água, arroios, rios, enfim causando um desastre ambiental sem precedentes na região”, diz a ação.
Na região, em função do massivo uso de pesticidas químicos no manejo da monocultura, há grande incidência de intoxicação em mananciais e fontes de água, causando enorme prejuízo às populações rurais vizinhas aos latifúndios recobertos pelos eucaliptos.
O defensor afirma que a monocultura em alta escala gera maciço desemprego e suprime o enraizamento cultural das populações rurais afetadas, obrigando uma imensa gama da população de campesinos ao êxodo rural.
No norte do Estado e no sul da Bahia, onde a empresa tem seus plantios, a situação não é diferente. Representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Espírito Santo estão cansados de denunciar os danos causados pela monocultura do eucalipto.
Na Bahia, as plantações da empresa estão a um raio de dez quilômetros de distância das zonas de amortecimento de Unidades de Conservação no sul da Bahia, e a empresa já recebeu a recomendação da Gerência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Eunápolis (BA) de extinguir suas plantações depois de denúncias feitas pelo Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia (Cepedes).
O Cepedes informou que "de 1970 a 1985, a Bahia perdeu 70% de suas matas nativas com a chegada das empresas de papel e celulose Suzano Bahia Sul, Aracruz, CAF Santa Bárbara Ltda e Veracel”. De acordo com estudos recentes do Ministério do Meio Ambiente, o extremo sul da Bahia tem apenas 4% da mata atlântica original, em áreas de reserva.
E que, "nesta região, estima-se que mais da metade das terras agricultáveis estejam nas mãos das empresas”.O Cepedes, junto com outras entidades, vem denunciando as irregularidades cometidas pelas empresas de celulose, na Bahia e no Espírito Santo. Já registrou crítica ao modelo de desenvolvimento imposto pelos governos baiano e capixaba, que "tem destruído sistemas inteiros de vida vegetal e animal.
Segundo os ambientalistas, a riqueza gerada no modelo econômico que propicia a concentração de renda e de terras, não impediu o crescimento da miséria e da fome nas regiões dominadas pela monocultura do eucalipto.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 21/11/2007)