A Feira da Biodiversidade que acontece no saguão da Assembléia Legislativa gaúcha reúne experiências e divulga novas formas de comercialização, como as trocas de sementes crioulas entre os grupos e as entidades participantes do 8º Seminário Internacional e 9º Seminário Estadual sobre Agroecologia, que acontecem até quinta-feira, em Porto Alegre. Com o tema central Sociedade, Ambiente e Impactos: Construindo Caminhos, os Seminários objetivam promover a discussão das relações de conflito entre a sociedade e o ambiente, destacando a Agroecologia na busca da sustentabilidade ambiental no Planeta.
Um dos destaques da Feira da Biodiversidade é o Jogo Africano Mancala. A partir de diversas regras, que variam conforme a região da África, alguns tabuleiros são cravejados de pedras preciosas e jogados, por exemplo, apenas por homens ao pôr-do-sol. "Cada região e cada comunidade têm suas características e culturas", explica o coordenador da Oficina de Reaproveitamento de Materiais Nosso Papel, Rafael Ferreira.
O Mancala é jogado por duas pessoas. A proposta pedagógica é mesclada com a questão etno-cultural. O jogo tem ainda como vantagens incentivar o raciocínio matemático e repassar valores como a semeadura. "Além desses valores agregados, o tabuleiro do Mancala é confeccionado com papel, arame e plástico, como os pés, feitos com tampas de garrafas", observa Ferreira, ao destacar que cada tabuleiro leva em média um mês para ser finalizado.
Olhares
Em Porto Alegre, o Mancala é desenvolvido há pouco mais de um ano. "Através do projeto Escola Aberta, que incentiva atividades extracurriculares, buscamos formar uma cooperativa junto à comunidade da Restinga Nova, através dos alunos da Escola Municipal Senador Alberto Pasqualini", anuncia o coordenador, que é artista plástico e integra o curso de Gestão da Produção e Comercialização do Artesanato, promovido pela EmRede. "Queremos pessoas comprometidas com a proposta de trabalhar o Nosso Papel não apenas no material que jogamos fora, mas em refletirmos sobre nossas atitudes como cidadãos e como ecologistas", finaliza Ferreira.
Outro destaque na Feira da Biodiversidade é o artesanato feito em porongo e os sabonetes e aromatizadores de ambiente orgânicos, ou seja, produzidos sem a utilização de produtos químicos. "Estava aposentado quando me deparei com traços de personagens que poderiam ser montados a partir de pintura em porongo e de resinas de biscuit", lembra o artesão de Uruguaiana, Antônio Portilho. "Hoje sou um apaixonado pela arte com porongo e, com um ano de trabalho, já ganhei mais de 15 anos de vida", comemora Portilho.
Livros, revistas e outros materiais informativos estão em exposição nesse ambiente, assim como uma variedade de mudas de árvores nativas. Na quinta-feira, 22, acontece o lançamento da nova edição da Revista The Ecologist, versão em língua portuguesa, que abordará, entre outros assuntos, sobre a extinção de abelhas e a relação da obesidade com a ingestão de produtos químicos.
Os Seminários sobre Agroecologia são realizados pela Emater/RS-Ascar, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Assembléia Legislativa do RS e Embrapa, e têm como promotores mais de 15 entidades governamentais e não-governamentais.
(Ascom Governo do Estado do RS, 20/11/2007)