No Dia Nacional da Consciência Negra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o preconceito racial e de classes. Segundo ele, muitas pessoas ainda defendem que ricos e pobres não devem ter as mesmas oportunidades.
“Eu sei da quantidade de jovens, meninas e meninos negros, que estão na universidade. Jovens que não poderiam jamais entrar em uma universidade se tivessem que pagar R$ 800 ou R$ 1 mil de prestação. E tem gente que não quer [a inclusão de minorias no ensino superior] e que pergunta para quê pobre quer entrar aqui [na universidade]? Para que tem que ter curso a noite?”, afirmou o presidente.
“Na hora de partilhar o pão, tem cara que quer mais pão do que outro, não quer dividir, repartir”, disse, ao lançar a Agenda Social Quilombola, no Palácio do Planalto.
O lançamento foi organizado nesta terça-feira (20/11) em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. A Agenda Social tem como objetivo promover o acesso das comunidades quilombolas à terra, saúde, educação, infra-estrutura e ao desenvolvimento local. De acordo com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a meta é atender 850 mil pessoas em 22 estados. O orçamento para o programa é de cerca de R$ 2 bilhões, de 2008 a 2011.
Segundo Lula, os quilombolas devem exigir cada vez mais do governo. “Quanto mais vocês cutucarem a Matilde [Ribeiro, ministra da Seppir], mais ela vai me cutucar. A somatória dessa cutucação é que você terão mais conquistas até o final do nosso mandato”, disse.
No entanto, o presidente cobrou do movimento negro consenso para a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, que tramita no Legislativo. “Pelo amor de Deus, amadureçam politicamente e construam, não aquilo que é ideal para cada agrupamento, uma proposta que seja consensual, que possa permitir o avanço. É a única chance de a gente aprovar”, afirmou, na cerimônia.
O projeto de lei do estatuto, de 2000, é de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). O projeto já foi aprovado no Senado e tramita na Câmara dos Deputados.
(Por Carolina Pimentel, Agência Brasil, 20/11/2007)