Os planos da Comissão Européia para o próximo ano incluem a utilização do chamado CCS – captura e armazenamento de carbono – para prevenir emissões de gases do efeito estufa em fontes industriais. A prática deverá ser creditada pelo esquema de comércio de emissões (ETS) da União Européia. O CCS é um método em que o dióxido de carbono (CO2) liberado durante a produção de energia proveniente de combustíveis fósseis é capturado, transportado e estocado em formações geológicas subterrâneas.
A tecnologia é vista como um componente-chave para os esforços da UE na redução de emissões, mas é cara e enfrenta o ceticismo do público em relação à segurança dos estoques subterrâneos a longo prazo. Ainda não está confirmado se o CCS será viável comercialmente a tempo de contribuir para a meta da UE de reduzir em 20% as emissões de CO2 até 2020. Uma diretiva deve ser apresentada para a Comissão em janeiro, focando nos aspectos de segurança da tecnologia e na remoção de barreiras regulatórias para o seu uso generalizado. A decisão poderá ser um pouco decepcionante para algumas empresas de energia.
Outra opção seria contabilizar o CO2 estocado como emitido e garantir permissões que poderiam ser negociadas sob o esquema, mas esta possibilidade foi descartada. Ao falar para o Euractiv no início do ano, Bill Spencer, vice-presidente de CO2 da Royal Dutch Shell, disse que esperava retornos do investimento no CCS na forma de créditos de carbono.
"O pacote de janeiro irá confirmar o CCS como uma tecnologia legítima para a mitigação de emissões amplamente reconhecida sob o ETS", afirma o porta-voz de energias para a Comissão Européia, Ferran Tarradellas. Ele comenta que "incentivos adicionais podem ser necessários para lidar com a atual economia desfavorável das tecnologias de CCS".
As regras para a captura de CO2 seriam ditadas pelo já existente Integrated Pollution Prevention and Control (IPPC), que deve ser reforçado pela Comissão. O transporte do CO2 também seria controlado por normas já existentes, como as regentes sobre os dutos de gás natural.
Para decepção de algumas ONGs, a Comissão decidiu não impor a tecnologia CCS sobre as usinas de energia movidas a carvão ou a gás, argumentando que a tecnologia "está insuficientemente madura para ser obrigatória." Um representante da Comissão Européia admitiu recentemente que a organização pode "talvez ter sido muito otimista" em relação ao CCS e que tornar a tecnologia viável será "mais caro e mais complicado" do que se pensava inicialmente.
(Traduzido por Fernanda Muller,
CarbonoBrasil, Fonte: Euractiv, 18/11/2007)