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parque nacional do juruena agricultura familiar garimpo
2007-11-20
Agricultor há treze anos na Vila Mutum, um lugarejo na área do garimpo Novo, a 40 km da cidade de Apiacás, Norte do Mato Grosso, Sabino Paz de Carvalho, mais conhecido como Cuiabano, é um dos poucos bons exemplos de adeptos das práticas sustentáveis a partir de sistemas de produção agrícola ecologicamente correta, encontrados nas regiões próximas ao Parque Nacional do Juruena.  Mas nem sempre foi assim: ex-garimpeiro, Cuiabano já esteve do outro lado, contribuindo para degradação de uma área que hoje ajuda a conservar.

"Largar o garimpo foi a melhor decisão que já tomei na vida.  Sou feliz como agricultor, ganhando meu sustento e protegendo as árvores que me ajudam a viver também", declarou Cuiabano, mostrando com entusiasmo centenas de exemplares de árvores frutíferas diversas de uma plantação que ocupa quase metade dos 50 hectares de terra que possui.  “O resto é floresta intocada”, explica orgulhoso.

Nascido em Cuiabá, fato que lhe deu o apelido pelo qual ficou conhecido, Sabino, assim como a maioria dos habitantes do pequeno vilarejo, foi atraído para a região pela febre do ouro.  Relembrando a época de garimpeiro, ele disse que costumava gastar grande parte do dinheiro do garimpo com garotas de programa e bebidas.  Mas isso acabou quando Dona Antônia, agora sua esposa, entrou em sua vida. “Ela foi quem me convenceu a mudar e virar agricultor.  Fui aprendendo o ofício aos poucos, lembrando do que via quando meus pais, também agricultores, cuidavam de suas terras.  Hoje, vivo com muito mais trabalho, porém com mais tranqüilidade e prosperidade”, disse.

Foi por meio de um programa do governo, que incentivava a ocupação da região, que Cuiabano conseguiu suas terras. Na época, foram distribuídos pequenos lotes de uma grande fazenda comprada pelo Estado, que também forneceu aos ocupantes centenas de sementes de pupunheira.

Aos poucos, Cuiabano foi otimizando o uso de sua propriedade e, além de pupunhas, passou a plantar café, abacaxi, banana, coco e outras culturas.  Grande parte da mata virgem de suas terras ficou intacta.  Hoje, recebe orientação de como melhorar sua produção da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Apiacás, o que tem lhe ajudado a melhorar a qualidade de sua produção e a experimentar novas culturas, ampliando suas possibilidades de lucro.

De ônibus ou bicicleta, Sabino vai à cidade de Apiacás, mas para transportar a mercadoria, o caminho é outro.  Suas bananas, abacaxis, pimentões e palmito, chegam até as feiras da região sem ele.  Cuiabano estabeleceu um acordo com motorista de caminhão que leva, uma vez por semana, a produção para a cidade.  Em troca, a ajuda é recompensada com os alimentos que ele mesmo produz.

Na propriedade também está uma casa simples de dois cômodos, feita em madeira, sem água encanada ou luz elétrica, espaço o qual divide com a esposa. Trata-se de uma simplicidade que se transforma em prosperidade quando a referência são os outros moradores do lugar, muito mais humildes e com grandes dificuldades financeiras. Ele chega a receber cerca de mil dólares por ano. “É pouco, mas o suficiente para viver bem com minha esposa”, garante Sabino. É a história de um homem que procurava ouro em garimpos e encontrou sua fortuna em outro lugar.

Um dia sem mercúrio
Um dos grandes desafios de Cuiabano foi ter conseguido um dia de descanso para as águas do riacho que corta sua propriedade, elemento essencial para manter sua produção em bom ritmo. Perto de onde ele se esforça para deixar os dias tortuosos de garimpo para traz, garimpeiros remanescentes ainda trabalham duro para conseguir um pouco do metal precioso que garante sustento de várias famílias.

Para isso, utilizam o mercúrio que é levado pela água e chega até as terras de Cuiabano.  “Esse produto polui a água e o solo.  Venho negociando uma solução há muitos anos e consegui convencê-los, finalmente, a não trabalharem no domingo.  Neste dia não se lava ouro”, disse o agricultor.  Esse procedimento ajuda a diminuir um pouco a poluição da água que é armazenada por ele para ser usada no decorrer da semana.  “Não é o ideal ainda, mas ajuda”, afirmou.

Cuiabano diz também que está sendo orientado a dar outros grandes passos para produzir alimentos ainda mais saudáveis.  Recentemente, deixou de usar adubos químicos e inseticidas. “Tudo agora será orgânico”, falou o agricultor com entusiasmo.

WWF
O WWF-Brasil, em parceria com governos federal, estadual e municipal, com o Instituto Centro de Vida (ICV) e apoio do WWF-Alemanha, trabalha para a implementação do Parque Nacional do Juruena, criado em junho de 2006. Para isso, desenvolve ações também no entorno do parque, principalmente na cidade de Apiacás, voltadas para a pecuária orgânica, manejo florestal, agroecologia e implantação de uma usina de biocombustíveis, na busca de alternativas econômicas para a população local.

Neste contexto, Cuiabano se apresenta como uma liderança identificada na região que, com apoio do WWF-Brasil, poderá multiplicar para outros garimpeiros sua experiência, contribuindo para a disseminação da importância de uma nova visão de desenvolvimento no Norte do Mato Grosso.  “Encontrando uma alternativa econômica para estas pessoas em suas áreas de residência, eliminamos a necessidade delas invadirem o parque para retirada dos recursos naturais da área”, garante Marcos Pinheiro, técnico de conservação e coordenador das atividades do WWF-Brasil na região do Parque Nacional do Juruena.

(Por Denise Cunha e Ana Cíntia Guazzelli, WWF Brasil / Amazonia.org, 19/11/2007)

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