A Comissão Especial do Lixo da Assembléia Legislatyiva do Rio Grande do Sul, presidida pelo deputado Kalil Sehbe (PDT), realizou na manhã desta segunda-feira (19/11), visita técnica ao aterro sanitário Santa Tecla, em Gravataí. O objetivo dos parlamentares foi conhecer a experiência do município no tratamento de resíduos sólidos.
O deputado Kalil Sehbe disse ter ficado satisfeito com a transformação de um lixão em aterro sanitário, em virtude do convênio entre os municípios de Gravataí, Esteio e Cachoeirinha, o que representa um avanço e um processo de conscientização. "Se tínhamos um lixão, cuidar deste lixão e transformá-lo em aterro sanitário que recebe em torno de 300 toneladas dia de resíduos sólidos, sendo 50 toneladas de material reciclável e que gera renda para 36 famílias, nos deixa satisfeitos", expressou Sehbe.
Sehbe revelou que a comissão tem realizado audiências técnicas e que a visita técnica de hoje a Gravataí serve para que se conheça a realidade dos municípios do Rio Grande do Sul. O parlamentar relatou que anteriormente foi feita uma visita técnica ao aterro sanitário de Caxias do Sul. Sehbe destacou ainda a experiência da associação de 8 municípios na região Noroeste do Estado e adiantou que uma outra visita será feita ao município de Minas do Leão. "Estas experiências, na prática é o que se pode demonstrar para outros municípios de como é possível termos no lixo algo sustentável economicamente, gerando emprego e cuidando muito bem do meio ambiente, principalmente os lençóis freáticos", concluiu Sehbe.
Para o relator da Comissão do Lixo, deputado Miki Breier (PSB), ex-vereador e vice-prefeito de Gravataí, que foi favorável ao consórcio entre os municípios para transformar o lixão em aterro sanitário, é necessário que se busque uma nova solução para o aterro Santa Tecla, que terá a sua vida útil esgotada em julho de 2008. "É importante que divulguemos para o Estado que o problema do lixo não termina com a sacolinha de lixo que recolhemos, mas é um problema que atinge a todos, qual seja, o destino final dos resíduos sólidos", advertiu Breier.
Breier disse que a coleta não seletiva depositada no aterro sanitário é ruim para todos e para o planeta. Para o parlamentar é fundamental que se trabalhe desde a educação em casa e na escola para que se aprenda a separar o lixo e isso reverta em renda para pessoas e associações que trabalham com a reciclagem.
O secretário de serviços urbanos de Gravataí, Paulo Bones, disse que o aterro sanitário Santa Tecla é um bom exemplo para outras cidades que não possuem aterros para tratamento de resíduos sólidos. O Santa Tecla surgiu como uma solução para o tratamento do lixo justamente a partir de um consórcio entre Porto Alegre, Gravataí, Esteio e Cachoeirinha. "Buscamos técnicas e experiências de fora e fizemos a bioremediação, ou seja, aquilo que era o lixão, transformamos em aterro sanitário, dentro de padrões ambientais consagrados", sublinhou Bones.
A bióloga e especialista em gestão ambiental Rosângela Gomes disse que o lixão existente no local recebia resíduos que não passavam por qualquer tipo de tratamento. No lixão eram constantes os incêndios provocados pela combustão do gás metano, proveniente dos próprios resíduos, e explosões resultantes do acúmulo do próprio metano. No entorno do lixão, os moradores sofriam com problemas respiratórios e de pele, resultados do não tratamento dos resíduos ali depositados.
"Passamos por uma fase intermediária com um aterro controlado e em seguida implantamos toda a estrutura de engenharia, sem a liberação de gases para o meio ambiente e sem que se polua o lençol freático", relatou Rosângela.
No aterro Santa Tecla, o gás metano é queimado e transformado em gás carbônico, que por sua vez é absorvido pelas plantas e transformado em oxigênio através do processo de fotosíntese. Os resíduos líquidos são drenados para lagoas de decantação e parte deste líquido é tratado pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
"É interessante que a gente faça a reciclagem, a separação como forma de reduzir o volume a ser depositado em um aterro e desta forma é possível aumentar a vida útil destes aterros", sublinhou Rosângela.
Reciclagem
No aterro Santa Tecla funcionam dois galpões de reciclagem operados por duas associações. Todo o material reciclável é selecionado e revendido, gerando emprego e renda para 36 famílias.
A cidade de Gravataí pretende implantar a coleta seletiva de lixo em todo o município, possibilitando que mais pessoas possam viver e melhorar sua qualidade de vida com a renda advinda da reciclagem.
(Por Luiz Osellame, Agência de NotíciasAL-RS, 19/11/2007)