O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, disse ontem (19) confiar na capacidade técnica do corpo de engenheiros da Petrobras, com vistas a desenvolver tecnologias que permitam a extração de petróleo no Campo Tupi, na Bacia de Santos. As reservas estão estimadas em 8 bilhões de barris.
Ele reafirmou que "os desafios são muito grandes" e reconheceu que faltam até mesmo equipamentos adequados para perfurações na camada pré-sal, constituída de rochas com dois quilômetros de espessura, abaixo da lâmina de água.
Foi por essa razão, segundo o ministro, que as pesquisas realizadas na área há muitos anos só deram resultados agora.
Hubner ressaltou, no entanto, que "tecnologia se desenvolve", e disse acreditar que, apesar dos "custos altíssimos", a Petrobras vai adquirir capacidade para perfurações em profundidades em torno de 7 mil metros. Ele lembrou que o primeiro dos 15 poços feitos na área consumiu investimentos de US$ 240 milhões e levou um ano para dar resultados.
Com base na experiência adquirida para construir o primeiro poço, os demais tiveram custo bem menor, em média US$ 60 milhões cada, e foram feitos em apenas dois meses, de acordo com o ministro. "Pode ser que daqui a pouco tenhamos custo mais baixo e com menos tempo", disse ele, ao reconhecer que "não é tão simples desenvolver o processo para retirar o petróleo de lá", além do gás associado.
Hubner fez as declarações após abrir simpósio sobre novas tecnologias para produção de energia, que se realiza ontem (19) e hoje (20), em Brasília. O encontro é promovido pelo Ministério de Minas e Energia, em parceria com a Agência Internacional de Energia (IEA). A entidade reúne autoridades dos oito países que mais consomem energia e que representam 65% da economia mundial.
O ministro disse que o Brasil ocupa "posição invejável " quanto à produção de energia no mundo, uma vez que metade da energia consumida no país vem de fontes alternativas ao petróleo e seus derivados, a maior parte produzida por usinas hidrelétricas. Ele disse que essa fonte energética será cada vez mais usada à medida que o país investir no aproveitamento do grande volume de águas da Amazônia.
Nelson Hubner afirmou que o álcool já responde por 17% dos combustíveis líquidos consumidos no país e deve ter destaque maior ainda, acompanhando a tendência de ampliação da frota de veículos flex fluel (movidos a álcool e gasolina). O ministro lembrou também o grande potencial do país no que se refere às energias solar e eólica, biocombustíveis e até das marés marítimas, além das jazidas de urânio.
Segundo ele, são alternativas de que o país dispõe para explorar outras fontes de energia que não o petróleo. O ministro destacou que "o Brasil quer manter uma matriz energética cada vez mais limpa", como forma de contribuir para a redução da emissão de gases e dotar o planeta de melhores condições de vida.
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Valor Online, 19/11/2007)