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amazônia
2007-11-20
O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, não se abala quando o lembram da corrupção, da ineficiência e do fisiologismo político que marcaram a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), extinta e recentemente recriada.  Em entrevista ao repórter Thiago Vilarins (com a colaboração de Raquel Eltermann), ele aposta que o controle rigoroso evitará que se repitam as malfeitorias do passado.  'Não posso achar que a Sudam está condenada à morte.  O que temos que fazer é estar atentos, criar mecanismos maiores, fazer com que as destinações dos recursos sejam do conhecimento de toda a população.  É ter cuidado e cautela do exame desses projetos e das propostas.  E, quando houver indício de irregularidade, apurar e punir exemplarmente', diz o ministro.  A seguir, a entrevista.

A Amazônia vive um isolamento histórico, por falta de políticas públicas que busquem sua integração com o restante do País.  Como mudar esse quadro?
A relação da Amazônia com o Ministério da Integração Nacional é intensa.  A Sudam, recriada agora, estará na órbita do ministério e tem toda uma história de apoio na região, financiando projetos produtivos através dos fundos constitucionais, a parceria com o Banco da Amazônia e outras atividades.  Poderia citar uns 100 números de projetos que estão gerando emprego e melhorando a renda das pessoas que foram financiadas por recursos de fundos constitucionais administradas pelo Ministério da Integração Nacional.  Além disso, temos cerca de quatro mesorregiões que estão na região Norte, cerca de 80 municípios só no Bico do Papagaio.  São 25 no Tocantins e 25 no Pará.  Tivemos apoio no Pará com infra-estrutura urbana, com a pavimentação de área urbana de Faro.  A questão da BR-163 foi polêmica e participamos com o zoneamento econômico-ecológico e dos estudos da definição da caracterização dessa nova mesorregião.  Estimo (a aplicação de recursos para o estudo) em torno de R$ 180 mil.  Tivemos aí a questão do duplo desenvolvimento sustentável da Amazônia.  O investimento é em torno de R$ 1,4 milhão, quando verificamos as demandas, a prospecção de tecnologia, a implantação de unidades avançadas de incubadora de empresas, utilização de laboratórios de desenvolvimento florestais.  Tivemos algumas descentralizações na área da agroindústria.  Estamos investindo no apoio à capacitação e empreendorismo em Santarém.  Fizemos algumas obras na Secretaria do Desenvolvimento de Infra-estrutura Hídrica.  Fizemos algo na Lagoa de Santa Izabel, em Tucuruí, no valor de R$ 700 mil e ainda falta coisa para fazer numa grande obra de drenagem em Ananindeua.

A produção do biodiesel é uma relevante alternativa de desenvolvimento.  Como o ministério trata essa questão?
Tenho conversado sobre isso com deputados da Amazônia, porque vamos ter que envolver inclusive a Sudam.  No Nordeste, já foram feitas algumas coisas por iniciativa de algumas bancadas, para que o Ministério da Integração Nacional apoiasse a construção de pequenas usinas, tentando entrar com a parceria da Petrobras para fazer as grandes usinas que pudessem alimentar, sobretudo, a questão da agricultura familiar.  Temos que começar a pensar em desenvolver a Amazônia.  Eu participo de debates do plano da Amazônia Sustentável e vamos estar lançando a questão do PAD.  Tenho conversado com os governadores das regiões, com deputados.  Temos expectativas de muitas emendas parlamentares para fazer investimentos diretos.


Sua colega Marina Silva, do Ministério do Meio Ambiente, é radicalmente contra o uso das terras da Amazônia para o plantio de oleaginosas e cana-de-açúcar para a produção de biocombustíveis.  Como convencê-la?
O biodiesel não está necessariamente vinculado à cana-de-açúcar.  Acho que o grande desafio junto à ministra Marina é compatibilizar o desenvolvimento que os nossos filhos exigem aos empregos que os nossos filhos precisam com a preservação ambiental que serão exigentes dos nossos netos e bisnetos.  Tenho plena consciência de que a ministra tem sensibilidade para isso.  Tenho participado de debates nos quais vejo a ministra sempre muito atenta a essas questões.  O papel de sua pasta é o de encontrar um meio termo que permita a exploração desse vasto potencial de produção de energia alternativa na Amazônia sem agredir ou dizimar esse patrimônio importantíssimo do Brasil.

Em sua gestão foram recriadas Sudam e Sudene.  As duas autarquias também são associadas a ineficiência e corrupção.  Como um modelo de experiência fracassado pode ser novamente a principal solução de desenvolvimento da Amazônia?
A Sudam - como a Sudene no Nordeste - tem relevantes serviços prestados às duas regiões na política de desenvolvimento.  São bilhões investidos através dos fundos de investimentos, dos fundos constitucionais.  Agora mesmo, discutimos a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR), uma área de grandes experiências no combate à desigualdade.  Não posso achar que a Sudam está condenada à morte.  O que temos que fazer é estar atentos, criar mecanismos maiores, fazer com que as destinações dos recursos sejam do conhecimento de toda a população.  É ter cuidado e cautela do exame desses projetos e das propostas.  E, quando houver indício de irregularidade, apurar e punir exemplarmente.  Infelizmente, a corrupção vai existir sempre.  Utilizar-se dos nomes das pessoas é algo que vai existir sempre também.  Essas dificuldades vão existir.  Mas nem por isso vamos ter medo de administrar e da possibilidade da Sudam ser um órgão efetivo de estímulo ao desenvolvimento da Amazônia.

Um órgão como a Sudam, que movimenta volumosos recursos, despera a cobiça de muitos políticos da região.  Como controlar esse assédio político?
Sou político e não me envergonho de sê-lo.  Faço política porque gosto.  É um instrumento que tenho para defender.  Agora, aceito conversas e indicações políticas em qualquer circunstância, deixando claro que o político indica e eu demito.  Demito se o indicado não tiver o perfil técnico para cumprir as missões e as orientações.  Demito se ele trair a confiança e tiver qualquer hábito que possa caracterizar corrupção.  Não tenho sofrido nenhum tipo de pressão que eu não possa contornar.  A diretriz fundamental é transparência absoluta.  O ministro de Estado não tem amigos, não tem parentes, não tem interesse que não seja o interesse público.

Afinal, a Amazônia vai sair ou não do isolamento econômico, social e geográfico em que se encontra?
Aquele povo da Amazônia tem a certeza de que, à frente do Ministério da Integração, há um brasileiro com humildade para ouvir, para aceitar crítica construtiva, incorporar sugestões, conhecer melhor os problemas e colocar a força política que angariou para resolver os problemas.  Um político imbuído do sentimento de levar adiante a determinação do presidente Lula, de fazer o ministério funcionar sobretudo para atender aos mais pobres.  Um político preocupado em fazer os órgãos públicos funcionarem e vencerem a burocracia, para que possam estimular aqueles que querem investir nesse grande Eldorado brasileiro que é a Amazônia.

(O Liberal, 19/11/2007)



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