A reutilização do óleo residual comestível em biodiesel é uma prática nas aulas de Física da Escola Estadual Carlos Hugueney, no município de Alto Araguaia. Um projeto desenvolvido pelo professor Renato de Melo Castro dá nova destinação ao óleo de cozinha. O sucesso do trabalho atravessou os muros do colégio e se tornou um dos 50 selecionados do país, pela Feira Brasileira de Ciência e Engenharia da Universidade de São Paulo (USP).
Desde o começo de 2007, os estudantes do Ensino Médio estão apreendendo como nasce o biocombustível. A prática, segundo o professor, é para despertar o compromisso ecológico e acaba sendo um atrativo a mais nas aulas, que passaram a ter índice de assiduidade surpreendente.
O sucesso despertou nos envolvidos – direção, docentes e estudantes – a idéia de ampliar os trabalhos, tornando a escola um centro de pesquisa para o município.
Com apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a Escola irá implantar um laboratório para desenvolver as práticas com maior segurança. “Até então, a parte mais química do processo de transformação tem ocorrido na minha casa”, revela Castro.
O professor, acompanhado da diretora da Escola, Janaina Aparecida, os estudantes Thaisângela Carita da Silva e Régis Coutinho, e do presidente da Câmara de Alto Araguaia, vereador Wanderley Fraga (Zinho) visitaram o secretário de Estado de Educação Ságuas Moraes e receberam aval para dar prosseguimento aos trabalhos.
Para a diretora da Escola, a pesquisa inovou o ensino. Fazendo dela as palavras do vereador Zinho, disse que “será uma virada de página na história do Carlos Hugueney”. Os alunos que acompanharam a visita à Seduc disseram que para muitos colegas o trabalho despertou o interesse nos estudos. “Ampliou nossos conhecimentos e tornou as aulas mais produtivas”, acredita o estudante Régis Coutinho.
Conforme o vereador Wanderley Fraga, o incentivo da Seduc representará uma conquista para o município. “A escola será um centro de pesquisa podendo ajudar a preservação do Rio Araguaia”, ressaltou.
O Rio Araguaia, que corta a cidade, teve papel fundamental no projeto. Conforme o professor, foi a partir da observação das águas do rio e da produção de lixo doméstico que nasceu o projeto. Ele conta que a cidade não tem tratamento de esgoto e toda a sujeira residencial desemboca naquelas águas. “Resolvi sair da rotina da sala de aula e estimular os alunos a desenvolver um trabalho ecológico”, diz. A proposta acabou por integrar a Física a conteúdos da Química, Biologia e até Língua Portuguesa.
(Raquel Ferreira,
Gazeta Digital, 19/11/2007)