As atividades agrícolas podem ser reduzidas em 92% com o aquecimento global, até o final deste século. A afirmação é do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES). Nesta terça-feira (20), o órgão realizará uma sessão de palestras para discutir o “Impacto das Mudanças Climáticas na Agricultura”.
O evento contará com duas palestras: “Impactos do Aquecimento Global na Agricultura”, com o engenheiro agrônomo Luiz Cláudio Costa, chefe do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e “Mitigações e Adaptação da Agricultura às Mudanças Climáticas”, com o engenheiro agrônomo Eduardo Delgado Assad, chefe geral da Informática Agropecuária da Embrapa.
O objetivo é discutir medidas mitigadoras e de adaptação às mudanças climáticas, de acordo com a proposta Painel Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC).
Até o próximo dia 6 de dezembro, ocorrerá um ciclo de palestras, para discutir os impactos das mudanças climáticas referentes a diversos setores, como florestas e edificações.
Nesta terça-feira (20), a promessa é que a discussão aborde principalmente a seca assistida pelos capixabas em diversas partes do Estado, especialmente nas regiões norte e noroeste, onde ficou sem chover mais de sete meses.
Segundo a Embrapa, a agricultura é uma atividade altamente dependente de fatores climáticos, como temperatura, pluviosidade, umidade do solo e radiação solar. A mudança climática pode afetar a produção agrícola de várias formas: pela mudança em fatores climáticos, incluindo a freqüência e a severidade de eventos extremos, pelo aumento da produção devido ao efeito fertilizador de carbono por meio de maiores concentrações de CO2 atmosférico, pela alteração da intensidade de colheita devido a uma mudança no número de graus-dia de crescimento, ou então modificando a ocorrência e a severidade de pragas e doenças, entre outros efeitos.
Especialistas calculam que a produtividade de várias culturas tende a diminuir em algumas regiões do globo e aumentar em outras. Ao mesmo tempo em que se constitui em uma atividade potencialmente influenciável pela mudança do clima, a agricultura também contribui para o efeito estufa com emissões de gases como o metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), óxido nitroso (N2O e óxidos de nitrogênio (NOx).
Os solos agrícolas, por exemplo, pelo uso de fertilizantes nitrogenados, fixação biológica de nitrogênio, adição de dejetos animais, incorporação de resíduos culturais, entre outros fatores, são responsáveis por significantes emissões de óxido nitroso (N2O). A queima de resíduos agrícolas nos campos libera, além do metano (CH4), óxido nitroso (N2O), óxidos de nitrogênio (NOx) e monóxido de carbono (CO).
As palestras são gratuitas e serão realizadas no auditório do Crea-ES, a partir das 19h.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 19/11/2007)