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2007-11-20

Os ambientalistas que investigam as companhias de eletricidade dos Estados Unidos que mais contribuem para as emissões de dióxido de carbono as batizaram de “a dúzia suja”. Em primeiro lugar figura a Soutehrn Co., que anualmente lança na atmosfera 172 milhões de toneladas de dióxido de carbono, segundo uma análise com as 50 mil usinas elétricas do feita pelo não-governamental Centro para o Desenvolvimento Global, com sede em Washington. Da lista das que mais contaminam aparecem, em seguida, American Electric Power Inc, Duke Energy Corporation e AES Corporation.

Os cientistas dizem que a geração de eletricidade responde por 25% das emissões globais de dióxido de carbono, o principal gás entre os que provocam o efeito estufa, aos quais a maioria dos cientistas atribui o aquecimento do planeta. Dentro do setor, as companhias norte-americanas emitem a quarta parte do total mundial. A metade dessa “dúzia suja” nos Estados Unidos está localizada em três Estados: Geórgia, Indiana e Texas. As doze usinas funcionam com carvão. Os ambientalistas também empregam o termo “dúzia suja” para se referirem às substâncias tóxicas e altamente contaminantes proibidas pela Convenção de Estocolmo.

O estudo foi divulgado às vésperas da conferência internacional sobre mudança climática que acontecerá em Bali, na Indonésia, no próximo mês, preparada pela Organização das Nações Unidas. O Centro criou um novo site na Internet, o Observação do Carbono para a Ação (Carma, sigla em inglês), no qual indica que o setor elétrico da Austrália se converteu no maior emissor de dióxido de carbono por habitante, embora os Estados Unidos continuem sendo o maior contaminador em termos absolutos. Em média, cada habitante dos Estados Unidos é responsável pela emissão de não menos de nove toneladas por ano, enquanto a cada australiano correspondem 11 toneladas.

Segundo a base de dados de Carma, nos países pobres com maior população a contaminação por habitante é menor do que nas nações ricas. Por exemplo, os chineses emitem, em media, duas toneladas de dióxido de carbono ao ano devido à geração de eletricidade, enquanto os indianos apenas meia tonelada. Mas, se for considerado o total lançado na atmosfera, a China é o único país que se aproxima das 2,8 bilhões de toneladas anuais que o setor elétrico dos Estados Unidos joga na atmosfera.

Atrás da China (com 2,7 bilhões de toneladas) aparecem Rússia (661 milhões), Índia (583 milhões), Japão (400 milhões), Alemanha (356 milhões), Austrália (226 milhões), África do Sul (222 milhões), Grã-Bretanha (212 milhões) e Coréia do Sul (185 milhões). Os pesquisadores do Centro dizem acreditar que investidores, seguradoras, emprestadores e especialistas ambientais utilizem a base de dados do Carma para fazer com que as companhias elétricas adotem fontes de energia renovável e limpa, como a solar e a eólica.

“O Carma deixa transparente para as pessoas de todo o mundo a informação sobre as emissões de dióxido de carbono do setor elétrico”, disse David Wheeler, pesquisador do Centro e chefe da equipe que reuniu os dados. “É algo único. Nunca antes este tipo de informação esteve disponível em escala mundial. Não só pode atuar como catalisador de ações para reduzir as emissões já, como, também, fortalece a base de conhecimentos para supervisionar qualquer acordo futuro baseado no mercado”, disse a presidente do Centro, Nancy Birdsall, que pode estar certa. Pesquisas anteriores já estão sendo utilizadas por ambientalistas e prestamistas do setor elétrico em países em desenvolvimento, como China e Indonésia.

“Isto ajudará a reduzir as emissões de dióxido de carbono, exercendo pressão sobre os maiores contaminadores e oferecendo uma recompensa em termos de boa reputação aos produtores limpos”, acrescentou Birdsall em uma declaração. Embora Austrália e Estados Unidos sejam os maiores emissores de dióxido de carbono do mundo em suas respectivas categorias, ambos se mostram reticentes em aderir aos acordos internacionais que fixam limites para essas emissões. Nesse sentido, não parecem ter intenção de assinar o Protocolo de Kyoto de 1997, que determina reduções das emissões de gases causadores do efeito estufa nos países industriais até 2012.

Já não existem sérias dúvidas entre os cientistas sobre o fato de as emissões desses gases, que são produto da atividade humana, estarem alterando o clima do planeta. Existe um amplo consenso pelo qual controlar as emissões requer um sistema de mercado, pelo qual quem contaminar tenha de pagar e os que ajudarem a limpar a atmosfera tenham um beneficio econômico. Wheele expressou se desejo de que a comunidade internacional crie uma instituição para reunir, verificar e tornar pública a informação sobre emissões de todas as fontes de carbono importantes globalmente.

(Por Haider Rizvi, IPS, 19/11/2007)


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