Em uma negociação política menos acalorada e maniqueísta do que as três reuniões realizadas no primeiro semestre, cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e representantes de 130 países encerraram no fim de semana, em Valência, na Espanha, as discussões em torno do relatório-síntese sobre o aquecimento global com um novo recado contundente ao mundo: "As mudanças podem ser rápidas e irreversíveis." A escolha do termo concentrou críticas de delegados norte-americanos ao longo da semana, mas acabou mantido.
O documento será uma das bases da Conferência do Clima, da Organização das Nações Unidas (ONU), em Bali, na Indonésia, em dezembro. Como o nome diz, o texto resume o trabalho detalhado em milhares de páginas pelos cientistas que compõem o painel. As sessões plenárias de Valência não foram um novo campo aberto para debates exaltados entre países ricos e nações em desenvolvimento, ao contrário das expectativas. Escrito por representantes de 23 países, o rascunho começou a ser discutido na segunda-feira.
Como de praxe, as negociações aconteceram a portas fechadas. O término foi divulgado, em comunicado, na tarde de ontem. "A mudança climática antrópica (causada pelo homem) e suas conseqüências podem ser rápidas e irreversíveis", dirá o relatório. A definição de "irreversíveis" gerou protestos por parte de delegados dos Estados Unidos. Especialistas ouvidos pelo Estado ao longo da semana confirmaram que delegados norte-americanos contestaram o embasamento científico da suposta irreversibilidade do efeito estufa. Representantes de países europeus intervieram como contrapeso e garantiram a manutenção do termo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(OESP /
Yahoo, 17/11/2007)