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monocultura cana-de-açúcar biocombustíveis
2007-11-19
Plantio de cana-de-açúcar avança no Centro-Oeste de Minas e põe em risco as nascentes do rio. Outra ameaça é o projeto que pode diminuir a área do Parque da Serra da Canastra

O crescimento de 58,31% na área destinada ao plantio de cana-de-açúcar no Centro-Oeste de Minas Gerais, onde estão as nascentes do São Francisco, põe em risco a vida no nascedouro do rio. Os dados referentes ao avanço são da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) e mostram o crescimento acelerado dos canaviais, estimulado pelas novas perspectivas de uso do etanol. De julho de 2006 a julho de 2007, a área reservada à cultura na região passou de 22.842 hectares para 33.876 hectares. No mesmo período, a produção aumentou de 1,7 milhão para 2,57 milhões de toneladas por ano, o equivalente a um crescimento de 50,63%.

Entre outras conseqüências para o meio ambiente, especialistas destacam o assoreamento, contaminação do lençol freático, desmatamento e comprometimento das matas ciliares. As empresas de açúcar e álcool se defendem, alegando que trazem desenvolvimento, obedecem à legislação e a atividade não causa danos à natureza. “As pessoas que falam em ameaças estão desinformadas”, afirma Luciano Rogério de Castro, superintendente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais.

O Estado de Minas conferiu essa expansão e ouviu depoimentos sobre os riscos da monocultura canavieira. Foram percorridos centenas de quilômetros em oito municípios do Alto São Francisco: Lagoa da Prata, Iguatama, Bambuí, Medeiros, São Roque de Minas, Piumhi, Delfinópolis e Luz. Também foram constatadas as marcas da degradação na área da “nascente geográfica” do São Francisco, no município de Medeiros – descoberta em 2002 e reconhecida em 2004. São erosões e sinais de queimadas. No entorno do Parque Nacional da Serra da Canastra, onde fica a “nascente histórica”, é visível o passivo ambiental deixado por mineradoras que foram fechadas por determinação do Ministério Público Federal.

A expansão da cana começou a ser estimulada, há anos, por uma grande usina de açúcar e álcool instalada em Lagoa da Prata, hoje controlada por um grupo francês. Atualmente, está sendo construída uma destilaria de álcool em Bambuí. A região vive a expectativa da montagem de uma outra unidade, em Iguatama. Nesses três municípios, o cultivo ocupa áreas cada vez maiores, com os proprietários rurais arrendando suas terras para as usinas. A mesma situação se repete em Luz.

A área de proteção das nascentes do Velho Chico sofre ameaça de redução, representada por um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional. A proposta altera os limites do Parque da Serra da Canastra, retirando dos seus 200 mil hectares (área prevista no decreto que o criou, há 35 anos) perto de 50 mil hectares, onde foram iniciadas atividades de exploração agrícola e de mineração. Para a administração do parque, o projeto abre caminho para que o plantio da cana avance e ocupe mais áreas na região das nascentes.

“O aumento do plantio em direção à cabeceira do São Francisco só vai prejudicar a região e o rio”, alerta o presidente do Comitê da Bacia dos Afluentes do Alto São Francisco, Lessandro Gabriel da Costa, que mora em Lagoa da Prata. Segundo ele, o desmatamento é o maior estrago provocado pela monocultura da cana. “Com a retirada da vegetação, o solo fica descoberto. Se não for feito um trabalho preventivo, aumenta o processo de erosão dos pequenos rios”, diz.

O presidente do comitê salienta que 80% das águas do Velho Chico saem de Minas Gerais. “Mas, em torno de 60% dessa quantidade sai da nossa região”, observa. Já o ambientalista Geraldo Gentil Vieira, técnico da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codesvaf) e morador de Iguatama, teme o aumento do desmatamento. “O plantio da cana força a abertura de novas áreas, atingindo encostas, que deveriam ser reservas legais. Assim, acabam matando os cursos d’água”, afirma.

Próximo à zona urbana de Iguatama, a cerca de 400 metros da margem do São Francisco, há um canavial e queimadas recentes. Segundo Gentil, num terreno abaixo da área hoje ocupada pela cana, há alguns anos, existia uma lagoa marginal, que teria sido drenada. Hoje, o terreno é coberto pela vegetação nativa, que serve como pastagem.

Além do assoreamento, a monocultura pode acarretar problemas para a fauna. O alerta é dos estudantes de biologia Paolo Verne e Cristina Martins Simões, que desenvolvem um estudo sobre as aves migratórias numa fazenda à beira do Rio São Francisco, em Iguatama.

Na propriedade existe uma área, próxima ao leito, que inunda durante o período das chuvas, sendo formadas lagoas marginais. Por essa condição, a região recebe aves migratórias do pantanal mato-grossense, como o tuiuiú. A fazenda está sendo cercada por plantios de cana. Por essa razão, os estudantes temem que, dentro de algum tempo, as lagoas marginais venham a desaparecer, o que afastaria as aves da região.  
 
(Luiz Ribeiro, Estado de Minas, 19/11/2007)


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