O número de mortos na passagem devastadora do ciclone Sidr por Bangladesh poderá passar de 5 mil, mais do que o dobro da estimativa oficial, segundo um representante da organização humanitária Crescente Vermelho. "Poderá passar de 5 mil, mas vai ficar abaixo de 10 mil", disse Mohammad Abdur Rab, presidente da Sociedade Crescente Vermelho (organização equivalente à Cruz Vermelha no Oriente).
As autoridades locais estimam que 2,3 mil pessoas tenham morrido em decorrência da tempestade, mas a Crescente Vermelho e outras agências humanitárias dizem que o número de mortos pode dobrar ou até triplicar quando todas as áreas isoladas forem avaliadas. De qualquer forma, acredita-se que um sistema de alerta para ciclones tenha ajudado a salvar muitas vidas - 650 mil foram retiradas de suas casas antes da passagem de Sidr.
Por outro lado, os danos materiais, a propriedades, infra-estrutura e plantações, afetaram um milhão de famílias. O ciclone, que passou pela costa sul de Bangladesh na quinta-feira com ventos de 240 km/h, destruiu ou danificou dezenas de milhares de casas, derrubou linhas de transmissão de eletricidade e acabou com plantações que eram vitais para a população.
Ajuda
Diante da destruição, centenas de milhares de sobreviventes estão desabrigados e sem acesso a necessidades básicas, como comida, água potável e remédios, numa situação descrita pelo governo de Bangladesh como "calamidade nacional". Equipes internacionais têm trabalhado com o Exército nacional para levar suprimentos às áreas mais isoladas.
O correspondente da BBC Mark Dummett informa que agora as equipes de resgate já chegaram à maioria das comunidades remotas que foram atingidas pelo ciclone. "Nós perdemos tudo e eu não sei o que fazer. Preciso de algum dinheiro para começar o meu negócio de novo porque não tenho um só centavo agora", disse o sobrevivente Abdul Jalil.
Em Barguna, o agricultor Asad Ali disse à agência Associated Press que multidões disputam os pacotes de comida deixados por helicópteros. "Eu estou esperando durante horas por algo para comer. O que eu consegui até agoar são algumas bolachas. Não é suficiente", disse um sobrevivente, Asad Ali. Os Estados Unidos vão enviar US$ 2 milhões a Bangladesh para ajudar o país a prestar assistência aos afetados.
A União Européia, assim como os governos da Grã-Bretanha, da França e da Alemanha, também prometeram enviar recursos para ajudar Bangladesh. O Programa Mundial de Alimentos da ONU já havia enviado suprimentos de emergência para 400 mil pessoas. Em Bangladesh, os ciclones são comuns, mas este é o mais devastador desta estação, segundo as autoridades locais. O sistema de alerta, assim como a rede de abrigos, foram criados em 1970, quando um ciclone matou mais de 500 mil pessoas no país.
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BBC, 19/11/2007)