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2007-11-19
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse neste domingo (18/11) que vai negociar um acordo com nações árabes para enriquecer o urânio que usa em seu programa nuclear em um país fora da região e considerado neutro como a Suíça. Ahmadinejad falou sobre a negociação em entrevista à agência de notícias Dow Jones na Arábia Saudita, onde ele participa de uma reunião de cúpula da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

"Nós vamos falar com os nossos amigos (árabes)", disse o presidente do Irã. A proposta, feita pelos seis países que compõem o Conselho do Golfo para a Cooperação, prevê a criação de um consórcio multinacional que forneça combustível ao Irã e a outros países da região que queiram desenvolver programas nucleares. O acordo poderia diminuir os receios de que o Irã está enriquecendo urânio para desenvolver uma boma nuclear, e não para gerar energia, como alega.

Até agora, porém, o governo iraniano vinha argumentando que o seu direito de desenvolver um programa nuclear com fins civis, inclusive com o enriquecimento de urânio, não era negociável. A entrevista de Ahmadinejad se seguem a declarações da presidente suíça Micheline Calmy-Rey de que está disposta a facilitar o diálogo entre o Irã e os Estados Unidos. Calmy-Rey disse que a Suíça reconhece o direito do Irã de usar a tecnologia nuclear com objetivos pacíficos.

O Irã está atualmente sob sanções da ONU por continuar a enriquecer urânio, apesar da exigência do Conselho de Segurança da entidade para que parasse. O governo americano impôs medidas punitivas ainda mais severas por conta própria.

Como o Irã escondeu o seu programa de enriquecimento de urânio por 18 anos, o Conselho de Segurança decidiu que, até que as intenções supostamente pacíficas do governo iraniano possam ser comprovadas, o país deveria interromper o processo de enriquecimento, além de outras atividades relacionadas ao seu programa nuclear. Durante a reunião de cúpula da Opep, Ahmadinejad disse ainda que o Irã nunca usaria o petróleo como uma arma geopolítica.

"Nós nunca iríamos querer usar o opetróleo como uma arma ou tomar quaisquer ações ilegais, mas se a América (EUA) tomar qualquer ação contra nós, nós saberemos como reagir", disse o presidente, um dia após o seu colega venezuelano, Hugo Chávez, dizer que o preço do petróleo dobraria se os Estados Unidos atacassem o Irã.

Nesta semana, a BBC teve acesso a um relatório sigiloso da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que indica que o Irã colaborou com a organização ao esclarecer dúvidas sobre suas atividades nucleares do passado, mas ainda mantém segredos sobre suas atividades atuais. Segundo o relatório preparado pelo diretor da AIEA, Mohamed El-Baradei, o conhecimento da agência sobre o atual programa nuclear do país está diminuindo.

O documento afirma que o país mantém ainda uma colaboração "reativa" em vez de "pró-ativa" com o órgão ligado à ONU, que ainda estaria tentando checar se as informações fornecidas pelo Irã estão completas. O país só permite a visita de inspetores a instalações nucleares declaradas, e a AIEA não sabe ao certo se há ou não um programa nuclear de natureza militar, secreto, paralelo ao reconhecido oficialmente.

(BBC, 19/11/2007)
 

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