A criação de fundos internacionais de grande porte, com recursos de nações desenvolvidas, é fundamental para auxiliar países em desenvolvimento a mitigar os efeitos das mudanças globais, na avaliação do professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) das Nações Unidas (ONU), Paulo Artaxo.
Para ele, não é "correto ou justo" que se deixe Bangladesh pagar pelo dano gerado pelo ciclone Sidr, que atingiu o país na noite da última quinta-feira (15/11) e deixou pelo menos 2,3 mil mortos. "Se o furacão foi realmente causado pela emissão de gases de efeito estufa dos países desenvolvidos, tem que se constituir fundos internacionais de grande porte para auxiliar", sugere Artaxo.
"A incidência de furacões está efetivamente aumentado. É muito provável que esse aumento esteja associado com o aumento da temperatura global do planeta porque o oceano ficando mais quente, injeta mais energia nesses furacões. Com isso, [os ciclones] se tornam mais intensos e mais destrutivos."
Sábado (17/11), o IPCC lançou o quatro relatório sobre mudanças climáticas com indicações para governos e formuladores de políticas públicas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon cobrou medidas urgentes. Para as Nações Unidas, além dos riscos para biodiversidade, o aquecimento global ainda deve aumentar a pobreza no mundo caso as regiões mais vulneráveis às alterações climáticas não recebam apoio e investimentos.
Com relação ao Brasil, a maior preocupação da ONU continua sendo o desmatamento na Amazônia. Ban Ki-moon diz que a floresta está sendo sufocada.
(Por Kelly Oliveira, Agência Brasil, 18/11/2007)