A criatividade aliada à preocupação ambiental tem possibilitado um novo destino ao material que iria parar no lixo de indústrias, empresas e entidades. Estudos sobre reciclagem ganham cada vez mais espaço nas universidades do Rio Grande do Sul e começam a receber adesões na prática. Enquanto isso, aguarda votação no Congresso projeto de lei encaminhado pelo Executivo que prevê a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A proposta pretende reduzir o volume de lixo e combater a poluição e o desperdício de materiais descartados por indústrias, empresas, hospitais, comércio e residências. Os restos de obras da construção civil, hoje descartados em aterros ou áreas clandestinas, em breve poderão ser transformados em pré-moldados de concreto com material reciclado.
A parceria entre a Unisinos e uma fábrica de Porto Alegre deverá ter o primeiro resultado com um protótipo em 2008. 'Será um concreto ecológico', diz o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da universidade, Cláudio de Souza Kazmierczak. O trabalho se origina de uma pesquisa anterior, com a participação de Unisinos, Ufrgs, Feevale e Cientec, que levantou o tipo de material gerado em obras da Capital, de Novo Hamburgo e São Leopoldo. Após processada, a caliça se transforma em brita e areia de material reciclado. Tanto a primeira pesquisa quanto a segunda, que seguirá até 2009, contam com financiamento da Finep. Segundo Kazmierczak, algumas prefeituras estudam abrir centrais de reciclagem. 'O problema técnico está resolvido, mas a grande questão é como coletar o material.'
O material descartado pelo Centro de Recondicionamento e Reciclagem de Computadores, com sede no Centro Social Marista, na zona Norte da Capital, será reciclado. O Laboratório de Química Industrial da PUCRS trabalha na separação dos metais das placas para a criação de outros objetos, numa central de reciclagem de eletroeletrônicos.
(Por Carina Fernandes, Correio do Povo, 18/11/2007)