Uma grande operação de resgate tenta alcançar os mineiros que ainda estão presos, mas um incêndio e os danos causados ao sistema de ventilação estão prejudicando os esforços dos socorristas. Os especialistas retiraram 63 corpos da mina desde que a explosão aconteceu, por volta de 3h da manhã do horário local (23h de sábado em Brasília), mas o número de mortos ainda pode aumentar.
A chance de encontrar mais pessoas com vida são "pequenas", segundo o presidente do sindicato dos mineiros, Yuriy Zayats. Pelo menos 350 dos 450 trabalhadores que estavam na mina quando a explosão ocorreu foram resgatados, segundo as autoridades ucranianas. Entre os resgatados, 25 foram levados ao hospital, muitos deles por intoxicação por metano.
Parentes
Centenas de parentes correrram para a mina Zasyadko para saber notícias das vítimas e acompanham com angústia um representante do governo ler, periodicamente e em voz alta, os sobrenomes daqueles confirmados mortos.
"Eu detesto essas minas", disse uma senhora que procurava um parente que estava trabalhando em Zasyadko à agência de notícias France Presse. O primeiro-ministro da Ucrânia, Viktor Yanukovych, também está no local do acidente, um dos piores desastres em minas no país em anos.
Um mineiro que trabalhava no local, Vitali Kvitkovski, disse à BBC que checou os seus instrumentos um pouco antes da explosão e que os níveis de metano pareciam normais. "Eu estava andando para a camada do carvão. Houve um estrondo, a temperatura subiu e uma poeira grossa (se espalhou). Não dava para ver absolutamente nada", relatou.
O gabinete do procurador-geral da Ucrânia informou à agência de notícias France Presse que foi aberta uma investigação criminal para apurar o que houve. Muitas das minas da região de Donetsk datam do século 19.
As minas de carvão ucranianas estão entre as mais perigosas do mundo, com altos níveis de mortes em acidentes. O pagamento dos mineiros varia de acordo com o carvão produzido, o que os incentiva a ignorar procedimentos de segurança que podem atrasar a produção, disse um representante do sindicato dos mineiros que não quis se identificar.
Em setembro de 2006, um vazamento de gás na mina de Zasyadko matou 13 trabalhadores e feriu vários outros. O mesmo local já havia sido atingido por outra explosão, em 2002, quando 20 mineiros morreram.
(BBC, 19/11/2007)