A entrega do primeiro Banco Comunitário Quilombola do Brasil às comunidades de Alcântara, no Maranhão, vai gerar o aquecimento da economia do município com a disponibilização de crédito para geração de renda dos quilombolas.
A avaliação é do diretor de Fomento da Secretária de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, Dione Mannetti.
“É um município caracterizado pela presença significativa de comunidades quilombolas que tentam buscar a qualificação do seu desenvolvimento sem a necessidade de ter que abrir mão da suas culturas e aproveitando das vocações locais”.
O banco vai contar com um fundo de R$ 50 mil, dos quais R$ 30 mil são do Banco Popular do Brasil e R$ 20 mil da Secretaria Estadual do Trabalho e Economia Solidária do Maranhão.
A inauguração está prevista para a próxima terça-feira (20/11), dia Nacional da Consciência Negra. Mannetti explicou que a comunidade poderá participar das decisões do banco e torná-lo autônomo.
“O banco vai funcionar a partir de parcerias locais, com instituições que organizam as comunidades quilombolas de Alcântara. Ele terá um conselho gestor, com participação dos representantes das comunidades, que vai determinar qual vai ser a linha de atuação e como ele vai funcionar na sua relação com os quilombolas de Alcântara”.
Segundo Mannetti, o fato de o banco ser de propriedade da comunidade, que será responsável por gerir a instituição, e contar com recursos que vão permitir a realização das operações, permitirá sua autonomia. "Ele não fica dependente do Estado”, acrescentou.
A moeda corrente no Banco Comunitário Quilombola do Brasil será o Guará, que terá o mesmo valor do Real. Segundo Manetti a importância é que com uma moeda usada somente naquela comunidade se produz riqueza e se garante que essa renda circule e seja distribuída dentro da própria comunidade.
"O banco vai ter um lastro para que aqueles que estejam trabalhando com a moeda social a qualquer momento possam trocar pelo real. Para que a gente tenha um processo fluído de funcionamento da moeda social é preciso informar e mobilizar a comunidade”.
A necessidade da criação do banco comunitário para as comunidades quilombolas de Alcântara foi apontada pelos agentes do Programa de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária (PPDLES), do Ministério do Trabalho e Emprego.
A meta do ministério é criar, durante 2008, mais 20 agências do Banco Comunitário Quilombola do Brasil em outras comunidades do país.
(Por Clara Mousinho, Agência Brasil, 16/11/2007)