O chefe regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), João Vieira, destacou, na sexta-feira (16/11), quando o resultado da contagem dos pirarucus nos lagos de Silves apontou redução no número de peixes, que o manejo no médio Amazonas – que inclui os municípios de Itacoatiara, Silves, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, Urucará, Uricurituba, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva - contribui para o equilíbrio e a preservação da espécie, além de fortalecer a importância comercial do pescado. A carne, acrescentou, só pode ser vendida com autorização do Ibama.
"A coisa boa de se fazer o manejo é exatamente manter a natureza em função do homem, tirando dela o que é necessário e deixando para ela o que o meio ambiente precisa. O manejo do pirarucu permite o cuidado com a espécie e, ao mesmo tempo, a pesca e venda pelos pescadores locais", complemenou.
O trabalho realizado pelos contadores de pirarucu começa bem cedo. Por volta de 6h30, quando o dia já está claro e não há vento para atrapalhar a observação dos lagos, e também os pescadores já estão em suas canoas. Divididos em duplas e contando somente com os sentidos da visão, audição, caneta e papel, eles seguem para áreas diferentes do lago com o objetivo de registrar quantas vezes os pirarucus sobem à superfície para respirar – é esse número que vai revelar a quantidade de peixes adultos. Estes sobem uma vez a cada 20 minutos e os filhos, duas vezes no mesmo intervalo de tempo.
Essa contagem dura praticamente toda a manhã e, segundo o Ibama, também determina o número de peixes que poderão ser pescados – o equivalente a 30% do total de adultos registrado pelos contadores, que realizam a atividade todos os anos.
"No Amazonas a pesca do pirarucu é proibida o ano todo, porque além do defeso nacional da espécie, que vai de 1º de dezembro a 31 de maio, ainda existe o defeso estadual, entre 1º de junho e 30 de novembro. Em função disso, a pesca da espécie no estado só pode ser feita em Unidades de Conservação, Reservas de Uso Sustentável ou ainda onde existam acordos de pesca, e em pisciculturas que se credenciaram no Ibama", explicou Gelson Batista, especialista em manejo de recurso pesqueiro e membro da Associação dos Engenheiros de Pesca do Amazonas.
O chefe regional do Ibama informou ainda que associações de pescadores, comunidades e municípios interessados no manejo do pirarucu devem solicitar ao órgão ambiental a avaliação de suas regiões para verificação das possibilidades de implantação da atividade no local.
"A princípio é feita a contagem para saber se há peixe suficiente para iniciar o manejo. Ainda que sejam poucos, isto não impedirá a atividade. Existem comunidades em Mamirauá, por exemplo, que começaram com menos de 20 peixes adultos e em cerca de três anos conseguiram triplicar o número, por terem feito o manejo corretamente. Basta que a comunidade se organize e mantenha a preocupação ambiental", acrescentou Vieira.
(Por Amanda Mota, Agência Brasil, 16/11/2007)