A baleia que encalhou nesta semana no rio Tapajós, região central da Amazônia, conseguiu se soltar da areia e desapareceu nesta sexta-feira (16/11) da comunidade em que foi encontrada, em Belterra (1.445 km de Belém).
Biólogos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) suspeitam que o animal, de cinco metros e meio de comprimento e 12 toneladas, tenha tomado um canal do rio que pode levá-lo de volta ao oceano Atlântico, que fica a cerca de mil quilômetros do ponto do encalhe.
Os moradores de comunidade do Piquiatuba temem que a baleia da espécie minke, que havia se tornado atração no local, esteja em perigo. Pelo único telefone do povoado, um aparelho público, o professor Jonathás dos Santos, 29, disse que a baleia foi vista seguindo o rumo oposto ao mar, em direção à cidade de Itaituba. "O rio Tapajós está mais seco e com mais bancos de areia nesse ponto [Itaituba]", afirmou.
O Ibama não confirmou a informação do morador. "A baleia foi embora hoje e não foi mais avistada. Não seguiu para Itaituba, provavelmente pegou o canal do rio e deve estar procurando seu rumo", disse o biólogo Daniel Cohenca, gerente-executivo do Ibama em Santarém.
Hoje, biólogos do Ibama e especialistas do IBJ (Instituto Baleia Jubarte) percorreram a região em barcos e até com um helicóptero, mas não localizaram a baleia.
Antes de desaparecer, o animal estava com batimentos cardíacos normais e sem queimaduras, conforme atestaram biólogos que o examinaram. Tinha uma escoriação superficial no dorso, causada provavelmente por doença ou acidente com embarcação.
A baleia foi encontrada por ribeirinhos na terça-feira, encalhada em um banco de areia. A suspeita é que ela tenha se perdido de sua rota, desorientada por doença ou acidente, e entrado no rio Amazonas pela ilha de Marajó. O rio Tapajós é afluente do rio Amazonas.
Atração
Nos dias em que permaneceu nas águas do Tapajós, a baleia tornou-se atração turística da comunidade do Piquiatuba (150 km de Santarém), que fica dentro da Floresta Nacional do Tapajós. A comunidade tem 74 famílias, uma escola, um posto médico e um telefone público.
Na quinta-feira (15/11), a comunidade recebeu visitantes em lanchas, barcos e canoas. O Ibama teve que fazer um cordão de isolamento em torno do animal por causa do assédio. "Foi muito difícil a operação de resgate ontem [anteontem] porque tinha muita gente querendo ver a baleia, tirar fotos. Mas estamos felizes porque ela tomou o rumo dela, a melhor maneira para ela conseguir voltar para a natureza", afirmou Cohenca.
(Por Kátia Brasil, Agência Folha, 16/11/2007)