A Organização das Nações Unidas informou que as informações preliminares de Bangladesh indicam que o violento ciclone "Sidr" causou cerca de 1.000 mortes e estragos "extremamente graves" ao passar pelo país asiático. O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes, explicou nesta sexta-feira (16/11) que a organização separou "milhões de dólares" de seu fundo de emergências para responder às conseqüências da tempestade.
A magnitude exata do "Sidr" avalia-se junto ao Governo de Bangladesh. A contagem de vítimas mais recente eleva o número de mortos para cerca de 1.000, afirmou Holmes. "Foi um acontecimento grave, e ainda não sabemos qual vai ser o saldo de vítimas", avaliou. Pelo menos 20.000 casas ficaram danificadas e até 30.000 famílias se estão desabrigadas. Números da ONU indicam ainda que 150 barcos de pesca estão desaparecidos.
"Devido à falta de eletricidade e às dificuldades nas comunicações em grande parte do país, as estimativas são muito preliminares e não se pode dizer que temos uma idéia de quanto será o saldo de mortos. Mas o que é certo é que ele cresce à medida que chega informação das zonas mais remotas", declarou Holmes.
Segundo uma contagem independente realizada por repórteres da agência de notícias local "United News of Bangladesh" espalhados por todo o país, a passagem do ciclone já deixou mais de 1.100 mortos. Oficiais do governo e funcionários do Crescente Vermelho já confirmam a morte de pelo menos 587 pessoas.
Segundo a Associated press, a contagem independente da agência aconteceu em cada uma das regiões afetadas pelo ciclone. Os números do governo ainda apontam menos vítimas, mas a contagem da "United News of Bangladesh" é considerada mais rápida que a oficial porque a agência tem repórteres espalhados por várias regiões do país.
Segundo a AP, o próprio governo já admitiu ter dificuldades em fazer uma contagem rápida e correta do número total de mortos. A rede de TV CNN diz haver pelo menos 3.000 pescadores desaparecidos. Segundo a agência Reuters, o número de mortos ainda pode subir muito, visto que algumas das regiões afetadas ficam isoladas e podem não ter recebido nenhuma forma de socorro até o momento.
O ciclone tropical, nomeado como "Sidr", foi um dos mais fortes a atingir a Ásia nos últimos anos. Com ventos de até 240 km/h e muita chuva, "Sidr" causou também inundações e muitos estragos. Várias regiões estão sem energia elétrica e o transporte rodoviário teve que ser suspenso. Os principais portos do país permanecem fechados e mais de 600 mil pessoas tiveram que ser levadas para abrigos em áreas mais seguras.
Novas tempestades
Apesar do ciclone ter perdido força, os meteorologistas alertam para novas tempestades no norte do país nos próximos dias. Segundo o escritório do Programa de Preparação para Ciclones, mais de mil pessoas estão desaparecidas no distrito de Barisal, no sul do país, e as comunicações com outros distritos continuam bloqueadas.
A maioria das vítimas fatais é de pessoas que se refugiaram em suas pequenas casas de bambu, insuficientes para protegê-las do furacão. O ciclone atingiu o sul de Bangladesh na madrugada de quinta para sexta-feira, e depois se deslocou para o centro do país, onde fica a capital, Daca.
O aeroporto internacional da capital suspendeu suas operações, enquanto o maior porto do país, situado na cidade de Chittagong, também permanece fechado hoje. As autoridades estão agora preocupadas com o destino de dezenas de pequenas embarcações que não conseguiram retornar à costa devido ao furacão.
História de destruição
Na memória dos bengaleses ainda está a imagem do ciclone que assolou o país em 1991 e causou a morte de 150 mil pessoas, após gerar uma onda de oito metros. Segundo os cálculos dos meteorologistas, nos últimos 125 anos o litoral de Bangladesh foi atingido por 80 grandes tempestades, que deixaram 2 milhões de mortos e milhões de desabrigados. A passagem do ciclone por Bangladesh ocorre depois de o país ter sido atingido, nos meses de julho e agosto, por graves inundações devido às chuvas de monção, com a morte de cerca de 500 pessoas.
(G1, 16/11/2007)