Os prefeitos da região Noroeste do Estado, cujas cidades voltaram a enfrentar um novo temporal em menos de 20 dias, estão reclamando o apoio dos governos estadual e federal. Segundo eles, até agora não chegou qualquer recurso para ajudar na reconstrução das casas e dos estabelecimentos atingidos. Figuram entre os municípios mais necessitados Sede Nova, Redentora, Porto Mauá, Independência, São José do Inhacorá, Alegria, Doutor Maurício Cardoso, Nova Candelária, Novo Machado e Boa Vista do Buricá. Calcula-se que sejam mais de 60 mil os atingidos, com pesados reflexos sociais e com incidência negativa nas economias locais.
Em Boa Vista do Buricá, 80% da cidade foi atingida pela devastação do temporal, parecendo uma praça pós-guerra. Em Nova Candelária, além da perda das lavouras, também as indústrias de milho foram atingidas. Mas o mais grave foi o prejuízo na suinocultura, com milhares de suínos mortos e a danificação de mais de 20 chiqueirões. Em Campo Novo, a agricultura igualmente registrou perdas totais.
Para piorar esse ciclo de desgraças naturais, um agricultor morreu em Porto Mauá quando tentava manter fechada uma porta contra a força do vento. Além do óbito, a cidade foi atingida pelos danos em mais de 150 residências, além de 40 pessoas feridas e 150 desabrigadas.
Diante dessa realidade desalentadora, as autoridades municipais estão apelando para que os executivos estadual e federal realizem urgentes aportes de recursos para ajudar as famílias e as comunidades a recuperar suas casas e a infra-estrutura atingida, de modo que a normalidade seja retomada o quanto antes. Até ontem, não haviam recebido sinalização concreta de ajuda, aumentando a sensação de abandono da região.
A solidariedade com as populações atingidas deve ser imediata. O poder público não deve se omitir naquilo que é sua obrigação primeira. Também não se deve fazer um jogo de empurra-empurra acerca de a quem cabem as atribuições de prestar apoio, pois elas devem ser compartilhadas diante de uma situação de emergência. Os recursos públicos são de todos e para todos.
(Correio do Povo, 16/11/2007)