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água potável abastecimento de água gestão dos recursos hídricos
2007-11-16
Na próxima quarta-feira 21 de novembro o ISA lança em São Paulo a Campanha De Olho nos Mananciais, que tem como objetivo esclarecer a sociedade brasileira sobre a situação das fontes de água que abastecem as grandes cidades do País. Na ocasião, será apresentado um estudo inédito sobre a situação do abastecimento público e saneamento básico nas 27 capitais brasileiras. O levantamento revela, entre outras informações surpreendentes, que praticamente metade da água retirada dos mananciais das capitais é desperdiçada em vazamentos, fraudes e sub-medições. A quantidade de água jogada fora seria suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas por dia.

Os vazamentos na rede de distribuição das 27 capitais brasileiras causam perdas de aproximadamente 45% do total retirado diariamente dos mananciais que as abastecem. São 6,14 milhões de litros (2.457 piscinas olímpicas). A precária situação do saneamento ambiental pode surpreender ainda mais: menos de 50% da população das capitais tem seu esgoto tratado.

Esses são apenas alguns dados presentes no estudo Abastecimento de água e esgotamento sanitário nas capitais brasileiras, preparado pelo Instituto Socioambiental (ISA), e que será divulgado na íntegra no dia 21 de novembro em São Paulo, no lançamento da Campanha “De Olho nos Mananciais”. O levantamento sobre as coberturas e desperdícios nas redes públicas de abastecimento e saneamento, baseado em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades (ano base 2004), é inédito em seu recorte e abrangência, ao comparar índices nacionais e de cada uma das 27 capitais brasileiras.

Alguns dados relevantes do estudo

Abastecimento de água:
• Apenas seis das 27 capitais atendem à totalidade de sua população;
• Apesar da média de cobertura ser de 90%, Porto Velho, Rio Branco e Macapá cobrem apenas 30,6%, 56,2% e 58,5% da população, respectivamente.

Consumo de água nas capitais:
• A média de consumo per capita é de 150 litros por dia;
• São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória apresentam os maiores consumos (mais de 220 litros/habitante/dia). A ONU recomenda 110 litros.

Perda de água (desde vazamentos até sub-medições e fraudes):
• A água perdida diariamente nas capitais seria suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas/dia (considerando o consumo de cada capital);
• A capital campeã do desperdício é Porto Velho, com 78,8% do total;
• Em termos de volume perdido, o Rio de Janeiro é a capital que mais joga água fora – um volume diário equivalente a 618 piscinas olímpicas!

Esgotamento sanitário:
• Cerca de 30% da população das capitais – mais de 13 milhões de pessoas - não têm acesso a redes de coleta de esgoto;
• Manaus, Belém e Rio Branco apresentam os piores índices, com menos de 3% de seus moradores atendidos pelo serviço.

A situação de São Paulo:
• Para abastecer a população residente na cidade de São Paulo, são produzidos aproximadamente 3,4 bilhões de litros de água por dia (equivalentes a 3,4 milhões de caixas d'água ou 40 metros cúbicos por segundo);
• A perda de água média no município de São Paulo é de 30,8% em relação ao volume produzido. A perda equivale a um volume de água de cerca de 1 bilhão de litros de água por dia;
• O consumo de água em São Paulo é o dobro do considerado pelo ONU como ideal. Segundo a ONU, o consumo médio ideal para suprir as necessidades humanas é em torno de 110 litros/habitante/dia. Em SP, o consumo médio gira em torno de 221 litros/habitante/dia.

A campanha “De Olho nos Mananciais”
A campanha do ISA tem como objetivo esclarecer a sociedade brasileira sobre a situação das fontes de água que abastecem as grandes cidades do País, começando pela Região Metropolitana de São Paulo, e mobilizar a população para promover o uso racional da água. A prioridade da campanha é mostrar que a ameaça de escassez de água nos centros urbanos, cada vez mais constante devido à períodos de estiagem prolongados, tem relação direta com a poluição dos mananciais e o desperdício de água. A campanha prevê o desenvolvimento de diversas parcerias, em especial com entidades da sociedade civil que atuam nas áreas de manancial da Região Metropolitana de São Paulo.

Os objetivos da campanha são:
• Mobilizar os usuários de água para a recuperação e preservação dos mananciais;
• Conscientizar as pessoas de que conservar a água é responsabilidade de todos;
• Fornecer dicas de consumo responsável para o cotidiano;
• Promover atos públicos para alertar sobre a situação dos mananciais e exigir a preservação das fontes de água;
• Implantar saneamento nas áreas urbanas dos mananciais;
• Barrar o crescimento das cidades sobre as áreas de mananciais;
• Ampliar as áreas efetivamente protegidas;
• Implantar instrumentos de compensação para os moradores que protegem e contribuem para a produção de água de boa qualidade;
• Estimular a utilização das represas como área de lazer por todos moradores.

O site “De Olho nos Mananciais” - www.mananciais.org.br - é uma das ferramentas essenciais da campanha, pois integra as informações de estudos e mecanismos de interatividade à tecnologia do GoogleMaps para levar o internauta às regiões geográficas de onde vem a água que bebe.

Gisele Bündchen apóia a iniciativa
A campanha “De Olho nos Mananciais” também preparou eco-bags, camisetas, adesivos e outros produtos que serão vendidos pelo site. A modelo Gisele Bündchen apóia a campanha e tem cedido sua imagem para a divulgação da iniciativa. Gisele tem trabalhado com o ISA desde 2006, quando decidiu se envolver na Campanha ‘ Y Ikatu Xingu, preservação do rio Xingu. “De Olho nos Mananciais” tem ainda o apoio da Annix, Cauxi Comunicação, Setor 21/2, Grendene, jornal Metro, NBS Comunicação, Movimento Nossa São Paulo e BijaRi.

(ISA, 14/11/2007)


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