O terreno da Felipe Camarão nº 215 deve mesmo abrigar um prédio de cinco andares de salas comerciais. O projeto estava parado na Secretaria Municipal de Meio Ambiente depois que os moradores da rua denunciaram a existência de uma fonte no local. Caso o olho d´água fosse confirmado, o local seria declarado Área de Proteção Permanente e nenhum empreendimento poderia ser construído num raio de 50m.
Um laudo do DMAE confirmou que a água era proveniente do lençol freático, porém um estudo hidrogeológico apontou que o brotamento da água é causado pelas construções ao redor do terreno. “Há cinqüenta anos não havia cuidado para que as fundações não atrapalhassem o fluxo fluvial subterrâneo”, elucida o supervisor de meio ambiente da Smam, Maurício Fernandes da Silva.
Renato Lopes, morador do prédio vizinho ao terreno, que organizou um abaixo-assinado na comunidade para proteger a suposta fonte está decepcionado.
“Essa construção vai terminar com essa área verde”, reclama. Renato também se preocupa com a iluminação do apartamento, que fica no térreo e é bastante úmido. “Sem o sol, vai ficar muito pior”.
Os vizinhos devem ingressar com uma ação no Ministério Público barrando o empreendimento, mas o projeto será encaminhado para aprovação na Scretaia Municipal de Obras e Viação em poucos dias.
Árvores preservadasPorém, duas aroeiras vermelhas, uma com cinco e outra com três metros de altura deverão ser preservadas, pois são nativas. “Mas ainda não entramos na fase de análise da vegetação”, relata Maurício.
A Smam exige que 17% do terreno seja de área vegetada. “Isso ainda não está no Plano Diretor, mas a Smam se antecipou e desde 2005 todas as construções são obrigadas a observar esse índice”, sublinha o supervisor da Smam. O projeto teve que ser alterado para atender à solicitação da secretaria e, além do recuo frontal terá também um jardim nos fundos.Além da fonte, os moradores estão preocupados com o corte das árvores que existem no terreno. As nove espécies frutíferas são exóticas e não possuem código de proteção.
(Por Naira Hofmeister,
Jornal JÁ, 13/11/2007)
*Esta reportagem é um dos destaques da edição 376 do JÁ Bom
Fim/Moinhos, que já está circulando nos pontos de comércio da região
central de Porto Alegre.