Porto Alegre (RS) - A ampliação da Aracruz no município gaúcho de Guaíba pode trazer vários impactos negativos para o meio ambiente. Essa é a conclusão de um parecer elaborado pela Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) sobre o projeto da empresa, que pretende quadruplicar a sua produção das atuais 450 mil toneladas de celulose ao ano para 1,8 milhão de toneladas.
Na avaliação do pesquisador e conselheiro da Agapan, Flávio Lewgoy, que ajudou a elaborar o parecer, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) apresentado pela Aracruz traz muitas falhas. Para ele, o documento é tendencioso, pois mostra somente os benefícios da ampliação da unidade e não os prejuízos. "Se você examinar o EIA-Rima, a rigor não tem nada, todos os pontos que você possa querer estão vagamente cobertos. Não é um EIA-Rima de verdade, é uma peça de defesa antecipada", diz.
De acordo com Lewgoy, o EIA-Rima não deixa claro como a empresa vai tratar a questão da emissão de efluentes no Lago Guaíba. Segundo ele, o Estudo não aborda o impacto dos compostos de cloro, os organoclorados, que são liberados para o processo de branqueamento do papel. Na água, esses compostos podem causar a morte de diversas espécies aquáticas.
"O Lago Guaíba ele não está em muito bom estado, ele não suporta mais muita poluição. Vai entrar num estado crítico, se ele já não está assim, devido a aportes esgotos, agrotóxicos, despejos industriais. E o cano de descarga da Aracruz ele tem um âmbito bem amplo. Segundo eles, têm uma cobertura prevista de dez quilômetros. Eles não avaliam, por exemplo, o impacto dos organoclorados, da salinização", diz.
Lewgoy afirma, ainda, que o Estudo também não trata de outras questões importantes, como a emissão de resíduos no ar liberados com a caldeira a carvão. A Agapan já apresentou o parecer à Fundação Estadual de Proteção Ambiental, que estuda agora a concessão da licença de instalação do projeto.
O Estudo de Impacto Ambiental foi realizado pela empresa Ecoáguas.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agencia Chasque, 15/11/2007)