Temporal que se abateu sobre municípios do noroeste gaúcho na noite de terça-feira (13/11) matou um homem de 55 anos, atingido pela parede de sua casa que desabou com a força do vento, em Porto Mauá
Casas destruídas, postes de concreto quebrados, árvores tombadas e morte. A fúria do vento que atingiu municípios do noroeste gaúcho no final da noite de terça-feira trouxe consternação e prejuízos a cidades como Porto Mauá, Boa Vista do Buricá, São Martinho e Nova Candelária.
O vendaval matou dentro de casa o agricultor Alirio Dallabona, 55 anos, na localidade de São José do Mauá, interior de Porto Mauá. Para proteger a família, Dallabona posicionou-se diante da porta da residência, que ameaçava se abrir com as primeiras rajadas, por volta das 23h. Ele empurrou uma mesa contra a porta e ficou segurando. Porta e mesa voaram, ao mesmo tempo que as paredes e o teto da peça desmoronaram. Dallabona foi prensado por uma viga e morreu cerca de uma hora depois.
Em Boa Vista do Buricá, 1,5 mil residências foram danificadas. Missas e cultos estão suspensos, porque uma igreja virou entulho e outras duas sofreram danos na cobertura. Da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, sobrou só parte da fachada e dos fundos do prédio. As paredes laterais e o teto ruíram.
O prefeito Jorge Klockner decretou situação de emergência. As escolas estão sem aula por tempo indeterminado. Até a tarde, não havia luz nem água. Ocorrências policiais terão de ser registradas na delegacia da cidade vizinha de Três de Maio, pois o prédio da Polícia Civil está descoberto.
- Pensei que era o fim do mundo - relatou o funcionário público Adelar Engel, 47 anos.
Por volta de mil porcos morreram em Nova Candelária
Além dos destelhamentos ocorridos em mais de 200 casas pela cidade e pelo interior, Nova Candelária lamentou os prejuízos na suinocultura em razão do temporal, que danificou pelo menos 20 dos 170 galpões de criação de porcos. Cerca de mil animais morreram sob os escombros dos prédios. A criação de porcos representa 74% da receita do município. Só para recuperar os galpões, a prefeitura estima que serão gastos R$ 1 milhão.
Em São Martinho, a ventania de menos de cinco minutos, acompanhada por queda de granizo, danificou o telhado de cerca de mil residências. As aulas nas oito escolas do município foram suspensas. Um dos pontos mais atingidos foi o Hospital São Gregório, que teve quase metade do telhado danificado.
O temporal de terça-feira foi o quarto a atingir o noroeste do Estado com violência desde o dia 20 do mês passado, provocando destruições sucessivas. Não se trata de coincidência. Os gaúchos da região estão no que o meteorologista Gustavo Escobar, coordenador do Grupo de Previsão do Tempo do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), chama de "corredor de temporais".
Essa área, que também abrange o oeste de Santa Catarina - onde houve temporais na terça-feira e foram registradas rajadas de até 140 km/h segundo o Inmet - , o nordeste da Argentina e o sul do Paraguai, recebe nesta época do ano massas de ar quente e úmido originárias da Amazônia, que provocam chuva e ventos fortes. Distante do oceano, a área registra temperatura alta, combustível para as precipitações. Isso torna as primaveras períodos de chuva forte na região. Neste ano, o fenômeno foi intensificado por causa de um elemento extra: as frentes frias que chegam do sul tornaram-se mais freqüentes. Segundo a Central de Meteorologia, uma delas entrou na terça-feira, horas antes do temporal de ontem.
(Por Silvana de Castro,
Zero Hora, 15/11/2007)