Um ano antes de seu vôo de estréia, o primeiro avião movido a energia solar já deu frutos na área de energia sustentável. Graças à necessidade de economizar peso, a aeronave Solar Impulse conseguiu reduzir pela metade o peso das células solares, além de melhorar a eficiência das baterias de lítio.
Um dos líderes do projeto e um dos pilotos do avião, André Borschberg, apresentou ontem em palestra em São Paulo o desenho final do protótipo da aeronave, revelado há uma semana na Suíça. Ele veio ao Brasil a convite da Solvay, multinacional suíça que é uma das patrocinadoras do Solar Impulse.
O protótipo deverá ter uma asa com 80 metros de envergadura quase toda coberta por painéis solares, "que são como filmes plásticos finos", segundo Borschberg. A estrutura será feita de fibras de carbono e plásticos especiais; apenas o mínimo indispensável de metal será usado, na fiação elétrica.
A idéia de construir o modelo -e usá-lo para dar a volta ao mundo- foi do explorador suíço Bertrand Piccard, o outro piloto. Ele percorreu o mundo em balão em 1999, e imaginou como seria fazer a viagem sem emitir poluição.
"É um símbolo do que precisa ser feito", diz Borschberg. Voar comercialmente com energia solar, porém, é algo ainda impensável e tecnologicamente distante.
Cada metro quadrado de painel solar produz só 30 Watts de energia por dia, segundo Borschberg. Com 200 m2, a energia "é a mesma de uma árvore de Natal com duzentas lâmpadas de 30 watts". A energia coletada de dia é armazenada nas baterias para uso de noite, e a velocidade do avião oscila de 50 km/h a 100 km/h.
(Ricardo Bonalume Neto,
Folha de São Paulo, 14/11/2007)