O drama das aves cobertas de óleo é parte do dia-a-dia do veterinário Rodolfo Silva, da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Ele trata aves petrolizadas que aparecem na costa gaúcha há mais de 30 anos e participou da recuperação dos animais atingidos pelo derrame de 20 mil toneladas de óleo do petroleiro Prestige, em novembro de 2002, na Espanha:
Zero Hora - Como é o procedimento para o resgate dos animais atingidos pelo óleo?
Rodolfo Silva - Primeiro selecionamos um local para levar os animais e montamos uma estrutura para o trabalho. Depois de recolhidos, começa o processo de estabilização, que consiste em hidratá-los, alimentá-los e monitorá-los por cinco ou seis dias, até que se inicie a limpeza. Usamos para isso um detergente especial produzido nos Estados Unidos. Paralelamente, temos que capacitar os profissionais locais para seguirem atuando.
ZH - Quem é chamado para trabalhar em operações de resgate dos animais atingidos em desastres como o do Mar Negro?
Silva - Cabe ao governo do país afetado pelo desastre pedir ajuda ao International Bird Rescue Research Center, maior centro de reabilitação de aves petrolizadas do mundo, e ao qual a IFAW (International Fund for Animal Welfare, da qual Silva participa) é vinculada. Como há um escritório nosso na Rússia, é provável que a equipe de lá comece a atuar neste caso.
ZH - Mas há chance de você ser chamado?
Silva - Somos 12 veterinários que lideram as equipes em todo o mundo. Então, dependendo da proporção do desastre lá, é possível, sim. No entanto, há um grande trabalho sendo feito agora nos Estados Unidos pela IFAW, tratando de mais de 500 animais atingidos pelo óleo que vazou do navio Cosco Busan, que bateu em uma ponte na Baía de San Francisco, na semana passada (dia 7).
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Zero Hora, 14/11/2007)