O Brasil é o país com maior potencial de exportação de etanol para países da Europa, para o Japão e para os EUA, principais interessados em importar o produto. Na Índia, caso o país tivesse interesse na produção, a quantidade estimada num curto espaço de tempo seria de aproximadamente oito bilhões de litros por ano, pouco menos da metade da produção brasileira, projetada em mais de 17 bilhões de litros. Os cálculos foram feitos pelo engenheiro Juan Arturo Castañeda Ayarza para medir o impacto do aumento da produção de etanol no âmbito mundial.
Pelo estudo, o engenheiro chegou a seis países com condições de produzir etanol combustível, à semelhança do modelo de industrialização do produto adotado no Brasil, com ligeiras vantagens financeiras. Ayarza acredita, no entanto, que incentivos fiscais para estimular a produção trariam benefícios ainda maiores para os investimentos em longo prazo. “Trata-se de uma opção estratégica, pois teriam que ser analisadas outras variáveis econômicas e ambientais. Mas, de antemão, já se poderia prever um potencial interessante do ponto de vista produtivo, que permitiria diversificar as economias açucareiras tradicionais destes países”, explica Ayarza.
Segundo os resultados da dissertação de mestrado, apresentada na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e orientada pelo professor Luís Augusto Barbosa Cortez, Índia, Tailândia, México, Austrália, Colômbia e Guatemala seriam os países com maior potencial para incrementar a produção do etanol, orientados essencialmente para consumo em seus territórios em curto prazo. O principal investimento, nestes casos, seria a diminuição em até 30% da produção total de açúcar, como conseqüência do redirecionamento dos méis intermediários para a industrialização do etanol.
A soma da produção pode variar de acordo com os graus de eficiência de cada país, mas na Austrália, México e Tailândia, a marca seria superior a um bilhão de litros. Só na Guatemala e Colômbia, a produção ficaria abaixo desta marca, com 500 milhões e 600 milhões de litros, respectivamente. “Mesmo assim seriam quantidades a serem consideradas para o consumo próprio e até para a exportação, dependendo das condições. Com a adoção do modelo brasileiro de industrialização, em longo prazo, a marca poderia crescer, ser ainda maior e ter como conseqüência a substituição de uma parte importante da gasolina”, esclarece o engenheiro.
O estudo, explica Ayarza, serve de parâmetro para entender o contexto mundial para a produção do combustível. Segundo ele, a produção e o consumo do etanol por vários países seriam interessantes para o Brasil. “Isso garantiria ambiente propício para valorizar o esforço brasileiro para incrementar a industrialização. “Outra vantagem seria garantir títulos de commodities. Neste caso, quanto maior o número de países que produzem e comercializam o produto, melhor”, esclarece
(Por Raquel Carmo dos Santos, Jornal da Unicamp, 13/11/2007)