Estudo ainda na fase laboratorial sobre o uso de nematóides entomopatogênicos (vermes que causam a morte dos insetos causadores de doenças) no controle de insetos-praga, pode revolucionar a agricultura brasileira, quanto à utilização mais racional de inseticidas e fungicidas. O trabalho é realizado no Laboratório de Biologia de Insetos e Controle Biológico do Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem/UFPel), pela bióloga e doutora em Entomologia, Carla Barbosa, e pelo agrônomo Aldomario Negrisoli Júnior.
A entomologista explica que a pesquisa é recente no País e passou a ser trabalhada no Brasil a partir de 2001. No Rio Grande do Sul, o domínio sobre o uso de nematóides como agente biocontrolador de insetos pertence à Faem/UFPel. Segundo ela, os nematóides se encontram no solo, e os dois são os únicos no Estado a realizar a coleta e isolamento deste nematóide, que é identificado com a sigla RS, feita em todo o Estado. “Como estes nematóides são originários do Estado, terão capacidade de controle maior das pragas que ocorrem no Sul”, diz.
Segundo ela, foram isolados 19 tipos de nematóides entomopatogênicos, testados com eficiência em pragas como a lagarta do cartucho (milho), broca dos ponteiros (pêssego), mosca-das-frutas, lagarta enroladeira, broca da cana, lagarta da soja, pragas dos grãos armazenados, gorgulho do milho, caruncho do feijão, lagarta da espiga, cupim, cascudo da cama de aviário entre outros. “Trata-se de bioinseticida poderoso que mata o inseto em 48 horas.”
Além de substituir os produtos químicos, o nematóide é compatível com outros produtos e pode ser utilizado junto com o inseticida. A aplicação pode ser feita por pulverização, pois agüenta altas pressões e pode ser aplicado em solução aquosa, ou ainda, pivô central, avião. Não polui e é inofensivo ao aplicador, não necessitando de equipamentos de proteção, diz. “Os nematóides são sensíveis à radiação ultra-violeta e temperaturas elevadas, pois requerem umidade alta”. A recomendação é que a aplicação seja feita no começo da manhã ou final da tarde.
A tecnologia já é utilizada em países como Europa, Estados Unidos e Japão. Pode ser produzida em larga escala e ser formulada. “A produção é feita através de armadilhas (inseto-isca) ou fermentador.” Recentemente, o Instituto Biológico de São Paulo, localizado em Campinas, firmou convênio com empresa de biocontrole para registro de um nematóide. No Rio Grande do Sul, a iniciativa continua ainda apenas em laboratório, na UFPel.
(Por Luciara Schneid,
Diário Popular, 14/11/2007)