Milhares de pássaros na costa russa estão impedidos de voar. Na areia da praia, eles tentam bater as asas, mas não conseguem - suas penas estão emplastadas com uma espessa camada de óleo. Impossibilitadas de ganhar os céus, as aves acabam atacadas por cães selvagens.
As cenas são chocantes, mas reais, provocadas pelo desastre ambiental de domingo no Estreito de Kerch, entre o Mar Negro e o Mar de Azov, quando mais de 2 mil toneladas de óleo combustível vazaram de um navio cargueiro que se partiu em dois durante uma tempestade.
Segundo autoridades ambientais da Rússia, se não houver um grande esforço para retirar o óleo das águas o leito marinho na região pode permanecer poluído por mais de 15 anos. As aves mortas em decorrência da tragédia já passam de 30 mil, enquanto o número de peixes mortos não pode ser quantificado.
Grupos ambientalistas também avaliavam ontem a extensão do que vem sendo chamado de "catástrofe ecológica".
- O óleo combustível irá se fixar no leito marinho e fazer com que os hidrocarbonetos penetrem no Mar de Azov. Isso levará à escassez de oxigênio na água e provocará grande sofrimento à fauna local - destacou Vladimir Chuprov, porta-voz do Greenpeace na Rússia.
Já as cerca de 7 mil toneladas de enxofre que também vazaram para o mar depois do naufrágio de outros dois cargueiros aparentemente não causaram danos imediatos à região.
As mais de 2 mil toneladas de óleo ainda armazenadas dentro do navio Volganeft-139 começaram a ser extraídas. Os trabalhos de limpeza se iniciaram ainda na segunda-feira - até agora, participam aproximadamente mil pessoas, entre militares e socorristas. O governo russo pretende aumentar esse número para entre 2 mil e 2,5 mil trabalhadores.
Ontem, Rússia e Ucrânia acertaram a criação de uma força-tarefa para lidar com as conseqüências do acidente. A primeira reunião será hoje ou amanhã. Conforme a agência de notícias russa Interfax, o primeiro-ministro do país, Viktor Zubkov, afirmou que a maior parte do óleo combustível derramado será removido em até 45 dias. Três pessoas morreram nos naufrágios de domingo e oito continuam desaparecidas.
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Clic RBS, 14/11/2007)