Uma pesquisa feita por uma universidade britânica e um museu brasileiro, divulgada na terça-feira, revela que o reflorestamento de florestas tropicais pode ser inútil na tentativa de conservar a biodiversidade dessas áreas.
No estudo, pesquisadores da Universidade de East Anglia e do museu Emílio Goeldi, de Belém (PA), analisaram quinze áreas de floresta no nordeste da Amazônia brasileira.
Os pesquisadores recolheram informações sobre animais e plantas em cinco florestas primárias (mata virgem), cinco secundárias (que crescem sobre áreas antes desmatadas) e cinco florestas de reflorestamento com árvores de eucalipto.
Os resultados revelam que pelo menos 25% das espécies analisadas não foram encontradas fora da mata virgem.
Segundo Jos Barlow, cientista que participou da pesquisa, “o estudo oferece o melhor cenário”, já que as áreas de floresta secundária e reflorestamento analisadas ficam relativamente próximas de florestas primárias.
“Muitas áreas de reflorestamento e florestas em regeneração (…) estão muito mais distantes de florestas primárias, e a vida selvagem pode não conseguir ressurgir nessas áreas.”
Dióxido de carbono
Esse foi o maior estudo já feito para analisar a conservação da biodiversidade nesses três tipos de florestas nos trópicos.
As florestas primárias servem de moradia natural para mais da metade das espécies terrestres do mundo.
Carlos Peres, pesquisador que liderou o estudo, disse que a pesquisa deixa claro que é muito melhor preservar as florestas primárias do que realizar o reflorestamento das regiões devastadas.
“Desta forma, nós maximizamos a biodiversidade e o índice de carbono de áreas inteiras.”
Peres, porém, reconhece que “os projetos de reflorestamento podem cumprir um papel complementar em aumentar a população das espécies e gerenciar os espaços que já foram modificados pelo homem”.
A pesquisa também indica que as florestas de reflorestamento não são tão eficientes na absorção de dióxido de carbono da atmosfera, em comparação com as florestas primárias.
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BBC, 14/11/2007)